John Kerrv e
Sergei Lavrov, os chefes da diplomacia norte-americana e russa
MARIA JOÃO GUIMARÃES 16/03/2014 - 20:44
Estados Unidos também insistem na ilegalidade e acusam Rússia de violar a lei
internacional e de continuar a levar a
cabo acções "perigosas e
desestabilizadoras". Moscovo diz que respeitará o resultado.
Ainda a votação não tinha terminado
e não só se festejava nas cidades da Crimeia como, no
palco internacional, Bruxelas e Washington reafirmavam que consideram ilegal o
referendo pela separação da Ucrânia e integração na Federação russa.
Numa declaração conjunta,
os presidentes do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, e da Comissão Europeia,
Durão Barroso, condenaram a consulta eleitoral e anunciaram que, numa reunião a
realizar esta
segunda-feira, os ministros europeus dos Negócios
Estrangeiros vão discutir em
Bruxelas a possibilidade de sanções. Na semana passada, os chefes de estado e
de Governo evocavam já a possibilidade de aplicar sanções a pessoas concretas,
com congelamento de bens e restrição
de vistos para pessoas que tenham sido responsáveis pela violação da soberania
da Ucrânia. Se forem aprovadas, estas serão as primeiras sanções europeias à
Rússia desde o fim da Guerra Fria, nota a Reuters.
A Casa Branca declarou
também este domingo que não irá reconhecer o resultado de um “referendo feito
sob ameaça de violência e intimidação de umaintervencão
militar russa que viola a
lei internacional”. O porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, disse ainda que as
acções da Rússia, escalando de uma ocupação militar há duas semanas para
“exercícios militares na fronteira Leste da Ucrânia”, eram “perigosas e
desestabilizadoras”.
Em sentido contrário,
o Presidente russo, Vladimir Putin, garantiu que “respeitará a escolha dos habitantes
da Crimeia”, segundo um comunicado do Kremlin. Alena Arshinova, do partido
Rússia Unida, de Putin, defendeu que Moscovo tem a responsabilidade “de manter
a paz e estabilidade no território da antiga União Soviética” e que neste papel
a Rússia se via obrigada a concretizar o que fosse decidido no referendo na
Crimeia.
O governo de Moscovo anunciou por outro lado que o
ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Sergei Lavrov, e o secretário de
Estado dos EUA, John Kerry, concordaram, também este domingo, em procurar uma
solução para a crise ucraniana através de reformas constitucionais. Mas não
foram dados pormenores sobre essas reformas, apenas que deverão ter em conta os
interesses de “todas as regiões da
Ucrânia”.
O que fará Moscovo?
Com o referendo a dar
a esperada vitória à integração da Crimeia na Federação Russa, o mundo aguarda
o que fará Moscovo.
Analistas esperam que
a Rússia anexe rapidamente a península, numa acção não vista na Europa há
décadas, e a primeira entrada de um território na Rússia desde o fím da União
Soviética em 1991. “Até Abril, a Crimeia fará parte da Rússia”, disse Fiodor
Lukianov, director do jornal trimestral Russia in Global Ajfairs. “Mesmo que não haja precedente,
vão fazê-lo o mais rapidamente
possível.”
Mas há quem diga,
aponta o diário britânico Times, que o principal obstáculo à
integração da Crimeia está nas próprias leis russas, segundo as quais um novo
território só pode juntar-se à Federação russa depois de um acordo entre Moscovo e o
país a que o território pertencesse anteriormente. Com a Ucrânia a classificar
o referendo como inconstitucional, não parece haver uma hipótese de um acordo
desse género.
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