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domingo, 9 de fevereiro de 2020

POLÍTICA  DESTAQUE
Redação F)  - 8 de Fevereiro de 2010

SE OS OUTROS PUDERAM ...
Em 2013 foram transferidos milhões de dólares para uma conta de Edeltrudes Costa (actual chefe de gabinete do presidente de Angola, João Lourenço), revela o jornal português Expresso. 
A origem? Ninguém sabe. Isabel dos Santos referira-o recentemente como importante na sua entrada na Sonangol.

Alguns observadores admitem que João Lourenço poderá exonerar Edeltrudes Costa, apontando mesmo um potencial e putativo substituto - Rafael Marques. Certo é que se o Presidente começar a exonerar os corruptos que o rodeiam e não aceitar nomear os que o querem rodear, não terá ninguém para ocupar os cargos e o governo terá de declarar... falência.

O actual chefe de gabinete do presidente João Lourenço recebeu a 25 de JUlho de 2013 uma soma de 17,6 milhões de dólares na sua conta bancária, quando era ministro de Estado e chefe da Casa Civil do antigo presidente, José Eduardo dos Santos. Ninguém sabe a origem do dinheiro e Edeltrudes Costa "não o explicou ao Expresso", revela o semanário português.

Edeltrudes Costa, que tem uma fortuna avaliada em mais de 20 milhões de euros e que em 2013 era ministro de Estado e chefe da Casa Cicil do pai de Isabel dos Santos, viu serem-lhe depositados 16,7 milhões de dólares na conta bancária que tinha no BAI - Banco Angolano de Investimento.

Essa não é a única transferência suspeita para contas bancárias do actual chefe de gabinete do presidente João Lourenço. Cerca de um mês depois da transferência mais avultada, foram depositados na sua conta 5 milhões de dólares pelo empresário Domingos Manuel Inglês. "Ao longo" do mesmo mês terá levantado, "numerário, 1,25 milhões de dólares", acrescenta o Expresso, citando documentos a que teve acesso.

Ao semanário, o político angolano limitou-se a dizer: "Os recursos que recebi, tanto no exercício de funções públicas como no exercício da minha actividade profissional ou em resultado de investimentos pontualmente realizados, foram atempadamente declarados e sujeitos a escrutínio pelas autoridades angolanas competentes, sendo as minhas fontes de rendimento perfeitamente claras e legais".

Em entrevista recente ao também português jornal Observador, a empresária Isabel dos Santos, cujas contas e participações em presas foram arrestadas em Dezembro passado por decisão política rotulada de judicial - é suspeita de ter sido favorecidas pelo regime do MPLA em mais de mil milhões de euros, juntamente com o marido -, mencionara o nome de Edeltrudes da Costa.

Isabel dos Santos falava sobre a sua escolha para a administração da empresa pública angolana Sonangol quando lembrou que a "comissão de reestruturação petrolífera" - que supostamente a escolheu para CEO da petrolífera estatal - era "liderada por Edeltrudes", o "director de gabinete do Presidente João Lourenço".

A invocação e a referência a Edeltrudes Costa soaram a uma tentativa de dar credibilidade à sua escolha, já que o então líder da comissão petrolífera veio a tornar-se braço-direito de João Lourenço. Isabel dos Santos não referiu, contudo, que Edeltrudes Maurício Fernandes Gaspar da Costa fora antes disso ministro e chefe de Casa Civil do anterior presidente, seu pai.

Agora, o Expresso revela que o antigo líder da comissão de reestruturação petrolífera, entidade alegadamente imparcial e que elegera Isabel dos Santos pelos seus méritos empresariais, recebeu 13 milhões quando era ministro de José Eduardo dos Santos.

Basta ser do MPLA para ser perito (em tudo)

O Plano Director Geral Metropolitano de Luanda (PDGML), que resumia os princípios orientadores que sustentam um crescimento consolidado para a capital angolana, foi lançado no dia 14 de Janeiro de 2016, no Palácio da Justiça, em Luanda.

No acto de abertura, o então Ministro de Estado e Chafe da Casa Civil do Presidente da República, Edeltrudes Costa, disse que o plano metropolitano previa os meios operativos e definia as metas e acções a implementar.

"Na verdade este importante documento apresenta-se ao nosso olhos como um processo flexível destinado a transformar a cidade num espaço mais atraente ao promover uma visão para o território da província de Luanda, fundamentada no diagnóstico prospectivo de uma gestão de médio  e longo prazo", referiu.

Segundo o ministro, os seus objectivos eram claros, melhorar o aproveitamento dos resursos naturais, humanos, histórico, ecológico e culturais da província, reforçar as condições de atração e reinserção de iniciativa de investimento, criar, diversificar o emprego e também qualificar os recursos humanos.

O plano, prosseguiu o ministro, tem de facto uma abordagem integrada dos principais problemas da província que resultou na sua fase inical na procura de concertação com todos agentes sociais e económico com a auscultação da população na identificação dos problemas.

"O fortalecimento da economia da província passa necessariamente pelo ordenamento das actividades económicas existentes e pela busca de alternativa para o seu plano de desenvolvimento, aliado com as políticas públicas do Governo no sentido de garantir que todos os cidadãos tenham acesso a habitação, ao saneamento básico, infra-estruturas urbanas e serviço público", referiu.

Edeltrudes Costa tinha a certeza que a implementação do Plano Director Geral Metropolitano de Luanda levará a província a cumprir a sua função social, colocando os seus bens e equipamento ao alcance de toda população.

O Plano Director Geral Metropolitano de Luanda constituiu um manual e defende o modelo de desenvolvimento da capital angolana. Este plano resume os princípios orientadores que sustentam um crescimento consolidado da circunscrição.

Este documento servirá de base às principais acções e objectivos e concretizar pelas instituições chaves do Governo e departamentos municipais.

As acções serão articuladas através de programas faseados a implementar durante os próximos 15 anos, até 2030, e algumas acções perdurarão para além desta data.

O acto de lançamento do Plano Director Geral Metropolitano de Luanda foi organizado pela Casa Civil da Presidência de República.

Folha 8 com Observador

quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

Luanda Leaks:
Documentos apontam para desfalque na Sonangol em Londres
Henrique Machado - TVI24 - 23 de janeiro de 2020
Luanda Leaks: documentos apontam para desfalque na Sonangol em Londres

Manuel Vicente, antigo homem forte da Sonangol, antigo-vice-presidente de Angola, é também ele um bilionário do regime. Terá sido dele, segundo fontes próximas de Isabel dos Santos, a mão por detrás do escândalo dos Luanda Leaks que se abateu sobre a engenheira. O motivo, para aquela que é considerada a princesa de Angola, agora caída em desgraça, é uma vingança, em conluio com o atual Governo, face aos esqueletos que Isabel descobriu nos armários do escritório da Sonangol em Londres e que reportam aos anos de gestão de Manuel Vicente.
Na capital inglesa, onde verdadeiramente se decide para onde se devem dirigir os navios de petróleo, Isabel dos Santos, que em 2016 assumiu o comando da petrolífera estatal, terá encontrado um escritório-fachada, com escassos funcionários e atividade quase nula. A sua equipa investigou e a resposta chegou do extremo-oriente. À revelia do Estado angolano, dono da petrolífera que sustenta o país, existia desde 2010 outra Sonangol – a Sonangol SA Limited, com sede numa torre de Hong Kong.
Esta falsa Sonangol, que em 2011 passou a chamar-se Mantra Group Administration Limited, é controlada pela sociedade GWCM Managers Limited, com sede na Suíça. Seriam escoados por ali parte dos milionários lucros da venda de petróleo angolano – e tudo durante a gestão de Manuel Vicente, que saiu da Sonangol em 2012.
Isabel dos Santos exonerou do cargo a diretora da Sonangol em Londres, Sandra Júlio, a 8 de novembro de 2017. E, coincidência ou não, acabou ela própria destituída pelo Governo, uma semana depois, do cargo de presidente da petrolífera. Quanto a Sandra Júlio, acabou por ser reintegrada.

Esta, para a defesa de Isabel dos Santos, é a verdade dos factos e o motivo pelo qual Manuel Vicente e o Governo a tramaram. Estes, segundo fontes próximas da filha do ex-presidente José Eduardo dos Santos, com a ajuda do “lóbi do Estoril”.
Senão, vejamos: a 18 de junho de 2019, o Governo de Angola contrata uma sociedade nos Estados Unidos, a Squire Patton Boggs, para serviços de consultadoria. E esta decidiu subcontratar, para os serviços de lóbi pouco definidos, a sociedade ERME Capital, criada seis meses antes, com sede em Malta. O total do contrato com duração de um ano pago pelo Governo de Angola são quatro milhões de dólares – dinheiro que Isabel dos Santos acredita ter servido para financiar a atual campanha de informação que a fez cair por terra.
Até porque o rasto deste contrato a leva de novo a Manuel Vicente. A ERME Capital, em Malta, é dirigida por um casal de jovens portugueses – Pedro Pinto Ferreira e Maria Mergner. Vivem no condomínio de luxo Estoril Sol Residence, onde são vizinhos de Manuel Vicente. De resto, o pai de Pedro, Carlos Pinto Ferreira, é conhecido por ser o “irmão branco” do antigo vice-presidente de Angola. Carlos, também com residência no Estoril, tem negócios em Angola desde 1999. É, a par do filho Pedro, dono da Domínio Capital Holdings – com presença em Portugal, Angola, Moçambique e Malta.
Pelo site da empresa percebe-se que a consultora abre portas em vários países nas áreas do petróleo, gás e mercados imobiliário e financeiro. De resto, a Domínio Capital tem uma empresa chamada Quill Trading, que através da WM-DC ganhou, a 9 de dezembro de 2019, os direitos de exploração de 22% de um bloco de petróleo chamado Cabinda Norte.

A concessão foi dada através de um decreto do Governo a que a TVI teve acesso. Entretanto, a ligação formal entre Manuel Vicente e o “irmão branco” faz-se desde 2001 – através de uma sociedade em Gibraltar chamada Founton Limited. Na mesma, figuram acionistas como a Domínio, de Carlos Pinto Ferreira, a Sonangol e a construtora Soares da Costa. Nesta sociedade offshore, de que a petrolífera angolana detém apenas 1%, Carlos era o presidente e Manuel Vicente era o vice-presidente.
Tirando isso, a Domínio Capital surge em parcerias com Mirco de Jesus Martins, enteado de Manuel Vicente. Todas estas ligações a que a TVI teve acesso não deixaram dúvidas a Isabel dos Santos sobre quem a tramou, apontando ao “lóbi do Estoril”, como o apelida em privado. Também não lhe deixam dúvidas de que se cair de vez, não cai sozinha.
De resto, o consórcio internacional de jornalistas também vai levantando a ponta do véu: Manuel Vicente é o senhor que se segue.



sábado, 29 de setembro de 2018

Combate à corrupção em Angola é facilmente confundido com motivações políticas - EXX Africa

Fonte: Lusa
setembro 28, 2018

Luanda - O diretor da consultora EXX Africa considera que o combate à corrupção em Angola é "facilmente confundido" com a tentativa de o Presidente João Lourenço assegurar a sua autoridade no país, que ainda não sente a recuperação económica.

"O combate à corrupção pode ser facilmente confundido com as motivações políticas do Presidente João Lourenço, que lidera um Governo que se focou mesmo em atacar a corrupção e potenciar a transparência, melhorando a reputação de Angola como destino favorável para investimentos, e nessa área teve um sucesso notável", disse à Lusa o diretor executivo da consultora EXX Africa.

Roberto Besseling acrescentou, no entanto, que estas iniciativas positivas para o desenvolvimento do país, nas quais inclui também a colocação em prisão preventiva de José Filomeno dos Santos, ex-responsável do Fundo Soberano e filho do antigo Presidente José Eduardo dos Santos, pelo sinal que envia, deve ser visto com cautela.

"A motivação tem de ser questionada, porque não é só um novo Presidente da República a tentar afastar os corruptos ou aqueles que perceciona como más influências, isto é também um novo Presidente, sem base política, a consolidar a sua autoridade política não só no MPLA, mas também no Governo".

A economia, apontou, "ainda está em dificuldades, com preços altos e com a comida muito cara, e muitos angolanos não estão contentes com o impacto económico do Governo, mesmo sendo o combate à corrupção popular, porque sentem que não é claro que o Governo está mesmo a afastar-se das práticas que criticavam no Governo anterior de José Eduardo dos Santos".

O líder da EXX Africa, que enviou esta semana aos investidores um relatório de 10 páginas centrado no regresso de Manuel Vicente à elite dirigente de Angola, explica que mesmo com a popularidade elevada, João Lourenço teve de fazer alianças para garantir o poder.

"É por isso que fizemos o relatório, para mostrar que algumas das pessoas que eram cruciais para o poder de José Eduardo dos Santos, como Manuel Vicente, regressaram ao poder; João Lourenço teve de o manter na atual estrutura dirigente, teve de fazer alianças para consolidar a sua base política", referiu Robert Besseling.

Manuel Vicente "é um conselheiro especial de João Lourenço, não ocupa um cargo oficial no Governo, mas é uma pessoa que está na Presidência e tem uma influência direta no Presidente" enquanto conselheiro especial para o Petróleo e Gás, acrescentou o analista, notando que "algumas das nomeações mais recentes na Sonangol, no banco central e no Ministério das Finanças são pessoas que lhe são próximas ou protegidas".

No relatório enviado aos investidores esta semana, e a que a Lusa teve acesso, com o título "Influência Política e Redes de Influência na 'Nova Angola'", lê-se que "no centro da nova estrutura política de controle está o ex-vice-presidente Manuel Vicente, que retornou ao centro do poder político em Angola e que, por meio de sua família e aliados próximos, mantém uma influência extraordinária sobre a economia".

O regresso do antigo vice-Presidente de Angola "traz significativos riscos políticos, de reputação e transparência que podem prejudicar o manifesto popular do Governo em probidade e liberalização económica", lê-se no documento, que aponta uma "nebulosa rede de sobreposição de interesses comerciais, os quais mais uma vez ameaçam restringir o desenvolvimento da economia angolana e concentrar a riqueza substancial do país nas mãos de uma pequena elite política e empresarial".

"Não houve mudança de regime, o regime é o mesmo", diz Luiz Araújo

Fonte: JN
setembro 29, 2018
Lisboa - Dezenas de exonerações de líderes históricos do MPLA, a abertura de processos judiciais contra camaradas e herdeiros de José Eduardo dos Santos e o combate à corrupção como bandeira marcam o primeiro ano de João Lourenço à frente dos destinos de Angola. 
Para Luiz Araújo, ativista dos Direitos Humanos no país entre 1999 e 2011 e crítico da atual governação, a "máquina" foi reparada mas continua a operar do mesmo modo.

Luiz Araújo tem 64 anos, veio de Angola para Portugal em 2011, quando o clima de ameaça contra o seu "ativismo estruturante" começou a tomar proporções perigosas. 
Desde então que acompanha a vida no país com um pé cá e outro lá.

Pode falar-se em mudanças para um futuro próximo em Angola ou é cedo?
Hegemonia do MPLA é mal maior
É importante dizer que não houve uma mudança de regime, o regime é o mesmo. 
João Lourenço foi indicado por José Eduardo dos Santos. 
Acho que há interesse do próprio regime em que se estabeleça a confusão de que houve uma mudança. 
Não houve. 
João Lourenço diz que quer corrigir o que está mal, mas não há nenhum indício de vontade para corrigir o mal principal: a hegemonia do MPLA sobre o Estado. 
Todos os outros males, como a impunidade, a corrupção e o exercício de poder absoluto são efeito desse mal essencial.

Algum ponto positivo de destaque no primeiro ano da governação de João Lourenço?
Ainda não há. 
Para falar em pontos positivos, tenho de falar em efeitos na vida das pessoas. 
Em Angola, ainda há uma sociedade dual, pelo menos. 
Há uma sociedade muito rural, com a sua economia e a sua cultura. 
Vários grupos com várias etnias em todos os pontos do país. 
Existe uma parte mais urbana, que emigrou para as cidades e vive nas periferias nas piores condições ambientais, excluída do processo de desenvolvimento. 
E depois há uma elite ligada ao sistema moderno, ao Estado, aos sistemas financeiros, a um total desenvolvimento, que é um desenvolvimento separado. 
Mesmo que não declarado, é um apartheid. 
Como no tempo colonial, em que Angola produzia e a economia era saudável, mas era para os colonos, não era para o povo. 
Hoje, o que se passa é o endocolonialismo. 
A maior parte das pessoas tem uma posição de serventia no processo de desenvolvimento.

João Lourenço, que já era presidente da República, tornou-se recentemente líder do MPLA. A soma de poderes pode limitar a atuação independente das instituições?
É conforme o capricho e a orientação de João Lourenço que vão surgir mudanças. 
Não conforme as instituições. 
No combate à corrupção, por exemplo, ele não tem de fazer nada, só tem de permitir que as instituições competentes assumam a responsabilidade e ajam contra quem for que cometa crimes públicos. 
Ele só tem de deixar. 
Agora estamos à espera que o João Lourenço vá combater a corrupção?

A corrupção é aliás um estandarte de João Lourenço. É só propaganda?
É. 
É só revelador de que o regime não mudou. 
Um chefe é o chefe de tudo. 
E o que se vai fazer ou não é aquilo que esse chefe decidir fazer. 
Não é o que a norma legal estabelece.

E o afastamento do poder de líderes e pessoas próximas de José Eduardo dos Santos não é indicador de mudança?
Não me dá um indicador de mudança. 
Nos últimos anos da liderança de José Eduardo, a coisa estava mal e o MPLA começou a ver toda a gente a chegar ao limite. 
Houve uma degradação total da imagem moral do regime. 
E o que o João Lourenço está a fazer é corrigir o aparelho, aprimorar a máquina, colocando, nos lugares daqueles que exonerou, gente que vem do mesmo sistema, que nunca contestou esse aparelho, pelo menos publicamente.

A oposição continua a ter um papel inócuo?
A oposição e a sociedade civil têm uma postura de denuncia reativa. 
O governo faz isto e eles vêm gritar, mas não têm ação estruturante, cultura de resistência, articulação com os cidadãos para gerarem movimentos na sociedade. 
A oposição protesta, barafusta, mas depois toma posse. 
Diz que as eleições foram falseadas, mas depois estão lá, com as mordomias todas. 
Os partidos políticos são ornamentos da continuação do regime.

A economia angolana continua a assentar no petróleo. Quais são as alternativas?
Diversificação da economia. 
É preciso que o sistema económico e financeiro emerja do povo. 
Tem de haver "inputs" para a sociedade desenvolver, criar poder autárquico, regularizar o setor informar. 
Tem de se produzir alterações que levem as pessoas a crescer, tendo em conta a sua cultura e hábitos, porque as pessoas não podem corresponder imediatamente àquilo que é uma economia moderna. 
E deve haver instituições com essa competência, absolutamente despartidarizadas, sem estarem integradas nesse quadro da hegemonia do MPLA.

E está a fortalecer as relações internacionais para catapultar a economia...
Ele anda a fazer jogos. 
É legitimo. 
Com os recursos que tem na mão e a sua inteligência, está a jogar. 
Foi à China buscar muitos milhões. 
Mas ele sabe que esses parceiros estão a jogar pela realização dos seus interesses.

Agora com o caso Manuel Vicente entregue à justiça angolana e a visita de António Costa, as relações entre os dois países podem melhorar?

Sim, é possível que tenha sido criada alguma sinergia, principalmente no que diz respeito aos empresários portugueses. 
Portugal é essencial para Angola, por causa da relação histórica e da língua. 
E Angola é um mercado de exportações importante para Portugal. 
É bom que haja essa relação mas é bom também que António Costa saiba que está a ir para um país que é dual. 
Portugal, além de apoiar empresários, devia apoiar a sociedade civil, comerciantes e associações para irem trabalhar com as comunidades, com crianças, com grupos vulneráveis, para estimularem a formação escolar. 
O governo português devia apoiar tanto isso como os empresários, que dão lucros imediatos. 
Porque isso dá lucros a prazo.  

domingo, 8 de julho de 2018

Há 30.747 casas à venda no Algarve

MERCADO
Maribela Freitas      07 de Julho de 2018

Os concelhos de Loulé, Albufeira e Lagos concentram 48% da oferta

O verão já começou e muitos portugueses estão de malas feitas rumo ao Algarve para as merecidas férias, já que mais de metade dos seus 16 concelhos dispõem de praia. 
E sendo esta uma zona balnear por excelência, há quem ambicione comprar aqui uma casa para dela usufruir nos momentos de lazer. 
No bpiexpressoimobiliario.pt a oferta de habitação em comercialização nesta parte do país é de 30.747 imóveis, dos quais 16.089 são moradias e 14.658 apartamentos. 
Loulé, Lagos e Albufeira, somam 14.938 imóveis, o que representa 48,58% da oferta.


No ranking dos concelhos algarvios com casas à venda, Loulé surge na dianteira com o total de 7011, sendo que 4324 são moradias e 2687 apartamentos. 
Por €590 mil pode ser adquirida uma moradia de tipologia T2+1, inserida num lote com 2600 m2, com jardim e piscina. 
Localizada na freguesia de São Sebastião, a dois quilómetros de Loulé, conta com vista sobre a serra e o mar e 150 m2 de área útil. 
Mas se em vez de uma moradia procura um apartamento e ainda neste concelho, pode optar por comprar um T2, na freguesia de Quarteira, com 96 m2 de área útil, por €250 mil. Esta casa está inserida num condomínio com piscina e situa-se perto do mar.

CASA PERTO DA PRAIA

Em segundo lugar no ranking da oferta está Albufeira, um concelho também beneficiado com praia. 
Aqui a oferta total é de 4674 imóveis, dos quais 2552 são apartamentos e 2122 moradias. Se quer ter uma casa perto do mar pode adquirir nesta parte do Algarve, na freguesia de Albufeira e Olhos de Água, um apartamento de tipologia T2, por €225 mil. 
Tem 77 m2 de área útil. 
Ainda perto da praia, pode optar por uma moradia. 
A título de exemplo está uma à venda na freguesia da Guia, de tipologia T7+1, com 436 m2 de área útil e 3480 m2 de terreno. 
Custa €3,5 milhões.

Em terceiro no top surge Lagos, com 3253 imóveis disponíveis, dos quais 1945 são apartamentos e 1308 moradias. 
Nesta parte do país está em venda por €369 mil um apartamento de tipologia T3, na freguesia de Lagos, com 123 m2 de área útil. 
Tem estacionamento e terraço e a casa possui vista para a piscina.

Um apartamento de tipologia T2, na freguesia da Luz, com 105 m2 de área útil está a ser comercializado no bpiexpressoimobiliario.pt pelo valor de €236 mil. 
Conta com garagem, terraço e insere-se num condomínio com piscina.

MENOR OFERTA

Apesar dos três concelhos referidos serem no Algarve os que mais imóveis têm em comercialização, outros há com vários apartamentos e moradias disponíveis, embora em menor número. 
Castro Marim tem no total 762 habitações à venda, Faro 2116, Lagoa 1130, Olhão 1852, Portimão 3188, São Brás de Alportel 917, Silves 1405, Tavira 2062, Vila do Bispo 443 e Vila Real de Santo António 1614. 
Já Monchique com 69, Alcoutim com 73 e Aljezur com 178, são os três concelhos algarvios com menos oferta. 
Das poucas opções que apresentam, lideram as moradias.

A título de exemplo e no concelho e freguesia de Monchique vende-se uma moradia de tipologia T3 por €250 mil, com 80 m2 de área útil e um terreno rústico com 84 m2, com árvores de fruto. 
Já em Alcoutim, na freguesia de Alcoutim e Pereiro e por €137,5 mil pode ser adquirida uma moradia de tipologia T2 e 70 m2 de área útil. 
No concelho e freguesia de Aljezur, vende-se também uma moradia, de tipologia T4 e 234 m2 de área útil, por €500 mil. 

Imobiliária espanhola constrói 100 casas em Lagos

INVESTIMENTO
Ana Baptista     07 de Julho de 2018
As 100 casas serão no Palmares Resort, mesmo junto à Meia Praia, em Lagos. Os valores de investimento e mais pormenores sobre este projecto serão divulgados em Setembro


A Kronos Homes, uma promotora imobiliária espanhola que acaba de iniciar a sua atividade em Portugal, vai construir 100 casas para segunda habitação em Lagos, no Algarve.
Esta será a primeira fase do primeiro empreendimento que a empresa vai desenvolver no país e que no total conta com 400 unidades.

Chama-se Palmares Resort e foi comprado ao grupo Onyria, que manteve uma pequena participação.
Ou seja, trata-se de um projeto já existente que estava parado e que é agora retomado. Esta foi, aliás, a estratégia de entrada da Kronos Homes em Portugal onde já investiu €200 milhões: adquirir ativos já existentes com projetos parados e terrenos livres para poderem desenvolver com aquilo a que chamam de “conceito único de arquitetura”.

Além do Palmares, comprou ao grupo Oceânico mais três projetos em empreendimentos já existentes e que agora vai desenvolver e/ou fazer a operação turística.

Um deles é o Amendoeira Resort, onde a Kronos comprou 205 das 240 casas que já estavam construídas, que vão agora vender, mas onde vai também desenvolver uma segunda e terceira fase de construção de casas e ainda de dois hotéis.
O outro chama-se Belmar e aqui a Kronos comprou “50 das 180 unidades já concluídas e vai reposicioná-las e fazer a operação”, explica ao Expresso o responsável da Kronos em Portugal, Rui Meneses Ferreira.
Por fim, o terceiro projeto comprado fica na Praia da Luz e neste momento é apenas terreno virgem para onde estão já aprovadas 100 casas também para segunda habitação.

“Estamos focados em comprar terrenos para desenvolver e não em fazer reabilitação de prédios já existentes”, diz o fundador e sócio gerente da Kronos, Said Hejal, que esteve na apresentação da empresa esta quarta-feira em Lisboa.

Foi, aliás, por isso mesmo que começaram pelo Algarve.
“Foi onde encontrámos o terreno ideal”, conta o mesmo responsável.
Mas o objetivo da Kronos está muito longe de ser apenas o sul do país

“Há três regiões que nos interessam: Lisboa, Porto e Algarve.
Só que em Lisboa está a levar mais tempo do que pensámos, mas também porque somos muito exigentes”, repara Said Hejal.
De facto, nestas duas regiões já não é só a localização que está em causa, mas também a dimensão.
“Em Lisboa e no Porto queremos fazer primeira habitação e queremos focar-nos no mercado local e fazer casas para os portugueses, com preços entre os €250 mil e os €450 mil, ou seja, menos de 50 unidades não faz sentido”, repara Rui Meneses Ferreira.
O centro histórico está, por isso, fora de questão.
O foco são as Avenidas Novas, o Parque das Nações, o Lumiar ou Telheiras, mas também Oeiras e Cascais, revela ao Expresso o responsável em Portugal.

Para a compra dos terrenos em Lisboa e no Porto, a Kronos tem, nesta fase de arranque da atividade em Portugal, €100 milhões.
Ou seja, no total, a empresa vai investir €300 milhões só na compra de ativos, ao que acresce depois o investimento propriamente dito na construção.

Em Espanha, em apenas três anos de existência, a Kronos já investiu mais de €1000 milhões em 16 projetos com mais de 1500 casas. 

Milionário francês contrata Sotheby’s para atrair estrangeiros ricos

CASAS DE LUXO
Texto; Vítor Andrade  Foto: Tiago Miranda
07 de Julho de 2018
Miguel Poisson , da Sotheby's, e José Cardoso Botelho, da Vanguard (empresa do milionário francês Claude Berda), no topo do Edifício n.º 11, na Rua Conselheiro Fernando de Sousa, nas Amoreiras
REABILITAÇÃO O prédio das Amoreiras já foi de escritórios mas, daqui a dois anos, só terá apartamentos topo de gama

O mercado imobiliário nunca esteve tão quente e os preços das casas nunca estiveram tão altos como agora, em Portugal — com Lisboa a bater um recorde de €22 mil por metro quadrado, como o Expresso noticiou na semana passada. 
Mas, a cereja no topo do bolo, é que “há claramente mais procura do que oferta”, diz Miguel Poisson, diretor-geral da Sotheby’s para Portugal.

O gestor e consultor imobiliário não consegue disfarçar o sorriso largo, no topo do nº 11 da Rua Conselheiro Fernando Sousa, nas Amoreiras, em Lisboa, enquanto aperta a mão a José Cardoso Botelho, também ele sorridente, em representação da Vanguard — empresa do multimilionário francês Claude Berda — que tem atualmente em curso investimentos imobiliários que ultrapassam os €1,2 mil milhões em Portugal.

Na cobertura do prédio das Amoreiras, que se vai chamar “A Tower”, celebra-se o contrato de exclusividade agora firmado entre a conceituada leiloeira Sotheby’s (com forte presença no imobiliário) e a empresa do homem que, atualmente, mais investe em Portugal — e que promete continuar atento a novas oportunidades, segundo Cardoso Botelho.

O prédio, onde os dois gestores agora bebem champanhe, já foi de escritórios mas, daqui a dois anos, estará completamente diferente. 
Vai acolher 38 apartamentos de luxo, distribuídos pelos 16 andares. 
O Expresso sabe que uma das casas mais caras do edifício já foi vendida e que o comprador é português.

Com a associação da Vanguard à Sotheby’s, os imóveis vão passar a ser comercializados à escala global. 
Na verdade, segundo Miguel Poisson, esta consultora está já a ultimar os preparativos para um roadshow mundial, que vai mostrar as casas de luxo que se estão a construir em Portugal em países como Brasil, Dubai, França, Índia, Estados Unidos da América e China.

CASAS DE LUXO PARA INVESTIDORES DE ARTE

Mas não é tudo. 
A casa Sotheby’s internacional, vai disponibilizar a Miguel Poisson uma lista de 12 mil contactos de compradores regulares de obras de arte que, “por acréscimo, poderão estar interessados em associar casas de luxo ao seu portefólio de investimentos”, explica o gestor.

Sobre o prédio das Amoreiras, Miguel Poisson acrescenta que, além da venda já efetuada de uma das casas mais caras do condomínio, há pelo menos já mais 12 interessados em adquirir ali apartamentos. 
Entre os compradores potenciais há vários portugueses mas também alguns estrangeiros.

“Lisboa está, definitivamente, na rota dos investimentos imobiliários à escala global. 
Há agora uma notoriedade que o país não tinha há meia dúzia de anos”, nota o responsável da Sotheby’s.

Explica que o mercado imobiliário anda muito de mão dada com o turismo e, como o turismo está a crescer como nunca, em Portugal, o imobiliário foi atrás. 
“O facto de este ano voltarmos a ser eleitos como o melhor destino, a existência da Web Summit, a realização de, cada vez, eventos internacionais e até aquele anúncio da onda gigante que agora está à vista de milhares, todos os dias, na Times Square, em Nova Iorque, tudo isso ajuda à construção de uma imagem que Portugal não tinha”.

Por falar nos Estados Unidos, Miguel Poisson garante que, daqui a dois anos, “os norte-americanos vão ser, provavelmente, os principais compradores de casas em Portugal. 
Há cada vez mais gente VIP (classe endinheirada e com cargos de topo) a não se identificarem com o panorama atual dos Estados Unidos e, naturalmente, procuram outros sítios para viver. 
Portugal está claramente na mira e, exemplo, disso pode ser, entre outros, o da cantora Madonna, que agora reside em Lisboa”.
FATURAÇÃO A CAMINHO DOS €300 MILHÕESCom a crescente procura de imobiliário de luxo em Portugal por parte de cidadãos estrangeiros, a Sotheby’s prevê chegar ao final de 2018 com um volume de negócios de €300 milhões, o valor mais elevado de sempre da empresa em Portugal, onde opera há uma década. Os analistas desta consultora garantem que o imobiliário é, atualmente, o principal ativo de refúgio, não apenas para investidores mas também para os cidadãos em geral que acumularam poupança nos últimos anos. Outro dos fatores que jogam a favor do aumento da faturação da Sotheby’s é o relevo internacional que Portugal começa a ganhar, especialmente como destino turístico.

EUA SERÃO O PRÓXIMO GRANDE CLIENTE

O responsável da Sotheby’s garante que já mediou vários casos de negócios de compra de casa em Portugal por parte de famílias norte-americanas. 
Mas também já vendeu casas de luxo a clientes sul-africanos, suíços, libaneses, entre muitas outras nacionalidades. 
Frisa que 70% dos seus clientes são estrangeiros.

“As pessoas de fora que têm muito dinheiro olham cada vez com mais atenção para a qualidade de vida que se pode ter em Portugal”, sublinha Cardoso Botelho, diretor-geral da Vanguard. 
Acrescenta que, em 2015, vários franceses da lista dos 10 mais ricos daquele país nunca tinham vindo a Lisboa, apesar de todos terem jatos privados. 
“Agora começaram a vir até cá e alguns já compraram casa em Lisboa”.

E o mais curioso, segundo o diretor da Vanguard, é que “muita gente (estrangeira) que está a comprar casa em Portugal, compra para viver e não apenas para investir ou para a ter ali para um ou outro fim de semana”.