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sexta-feira, 28 de março de 2014

Autoridades ucranianas passam vistoria aos abrigos anti-bombas de Kiev

Sector Direito exige a demissão do ministro do Interior
REUTERS 28/03/2014 - 13:41
 Nova liderança diz estar a preparar a segurança dos cidadãos devido à presença das tropas russas na fronteira. Radicais do Sector Direito manifestam-se junto ao Parlamento.

As autoridades ucranianas realizaram esta sexta-feira uma inspecção aos abrigos antibombas de Kiev no momento em que os legisladores acusam a Rússia de estar a acirrar distúrbios na capital do país após terem anexado a península da Crimeia.

A nova liderança do país ficou com os nervos à flor da pele quando um grupo de ultra-radicais — que tiveram um papel importante na revolta que destitui o antigo Presidente Viktor Ianukovich — se manifestou à porta do Parlamento exigindo a demissão do ministro do Interior, Arsen Avakov.

“Eles [os russos] não conseguiram atear a chama do separatismo nas nossas regiões. Então agora tentam desestabilizar a situação no coração da Ucrânia", disse o Presidente interino, Oleksander Turchinov.

Estima-se que dezenas de milhares de tropas russas estejam concentradas na fronteira, mas não há sinais de pretenderem atravessá-la. Em Moscovo, o Presidente Vladimir Putin disse que a Rússia não pretende outras regiões da Ucrânia. Mas a Rússia irá usar todas as armas do seu arsenal económico para castigar a viragem da Ucrânia para a Europa.

Num passo pouco usual que adensou o clima de apreensão, as autoridades de Kiev anunciaram que vistoriaram 500 abrigos urbanos na capital de forma a assegurarem que funcionam, e que estão a trabalhar para a criação de um novo sistema de alarme. "Temos 526 instalações de defesa [abrigos] em Kiev. Hoje, as autoridades da cidade estão a garantir que estão em perfeitas condições técnicas e capazes de proteger a população", disse Volodimir Bondarenko, chefe da administração da cidade.

Os novos líderes ucranianos, que tomaram posse depois da deposição do Presidente pró-russo Viktor Ianukovich, que fugiu do país depois de três meses de contestação violenta, não esconderam o nervosismo quando membros do Sector Direito, um grupo ultra-radical, se manifestou junto ao Parlamento na quinta-feira e marcou novo protesto para esta sexta-feira.

O grupo ganhou visibilidade nos três meses da chamada revolta da Euromaidan, quando optou pelas tácticas violentas contra a polícia de choque, lançando bombas incendiárias e tijolos. Na altura, os que eram líderes da oposição, não condenaram a violência, mas agora que estão no poder não podem aceitar as tácticas com que o Sector Direito ajudou a derrubar Ianukovich.

Porém, Turchinov sugeriu na sexta-feira que o grupo pode estar a ser manipulado a partir de Moscovo de forma a fragilizar a nova liderança e a desestabilizar o país num momento em que a Ucrânia tenta interiorizar a perda da Crimeia e recuperar da péssima gestão económica do antigo Presidente.

O protesto do Sector Direito relaciona-se com a morte, esta semana, de Oleksander Muzichko, também conhecido como Sashko Bily, que era um dos principais líderes do grupo.

O ministro do Interior disse que Muzichko foi morto por membros da força especial "Sokol" quando tentava fugir de um café na região ocidental de Rivne. Mas na sexta-feira o ministro disse uma coisa diferente e explicou que testes balísticos demonstraram que Muzichko se suicidou devido ao cerco da polícia. O Sector Direito considera que o seu activista foi vítima de um "atentado" político realizado pela unidade de elite e exige a demissão de Avakov e o julgamento dos responsáveis por esta morte.


Turchinov comprometeu-se com uma investigação às causas da morte de Muzichko, mas pediu aos ucranianos que sejam solidários com a nova liderança. "Infelizmente, alguns cidadãos, conscientemente ou inconscientemente, realizaram uma acção de provocação à porta do Parlamento", disse o ministro. "Se as pessoas não concordam com o Parlamento está a fazer, têm as eleições como recurso. Esta linha de acção vai contra o nosso Estado e reforça a posição do agressor que está agora a concentrar as suas forças armadas nas fronteiras da Ucrânia", disse Turchinov.

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