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segunda-feira, 24 de março de 2014

A PRIMAVERA QUE GELOU O OCIDENTE REPORTAGEM DE

A PRIMAVERA QUE GELOU O OCIDENTE
REPORTAGEM DE
TIAGO CARRASCO.
NA UCRÂNIA

De um lado, há suásticas, palavras de ordem nacionalistas e a vontade de fazer parte da União Europeia.
Do outro, há foices e martelos, alergia a opositores e ódio ao Ocidente.
A disputa da Crimeia fez ressuscitar os fantasmas da Guerra Fria.
Em pouco mais de duas semanas, a Rússia conseguiu juntar a península ucraniana à sua Federação, sem necessidade de premir o gatilho


No Parque Shevchenko, em Simferopol, capital da até agora República Autónoma da Crimeia, na Ucrânia, Ernest Suleymanov aponta o megafone para as nuvens que pairam sobre a região: “Este referendo é ilegal. A Rússia invadiu a Crimeia e não tolera qualquer tipo de oposição. Todos os dias desaparece alguém que lhes faz frente.” Umas escassas dezenas de manifestantes seguem as suas palavras atentamente. Alguns co­laram adesivos na boca, outros exibem cartazes em branco, em protesto contra o ataque à liber­dade de expressão na península desde que o exército russo tomou controlo dela, na preparação do referendo do passado domingo, que, apesar de não ser reconhe­cido pela comunidade internacional, levou a Crimeia a deixar a Ucrânia para se juntar à Rússia.
 PRÓS E CONTRA
Partidáriosda continuação da Crimeia na Ucrânia num protesto contra a "invasão russa". Em Simferopol, antes do referendo
Ernest, de 45 anos, saltou para a organização dos protestos an-ti Rússia depois de o antigo líder do movimento pró-ucraniano Euromaidan na Crimeia, Serguey Kowalsky, um empresário do mundo da noite, ter desapare­cido do mapa. O ativista veio de Kiev para tentar evitar que a terra dos seus antepassados voltasse a cair nas mãos dos russos, mas, assim que chegou, percebeu que a missão era impossível. “Eles controlam tudo: as ruas, os media e o exército. Se abrirmos a boca para os denunciar podemos ter a certeza que vêm atrás de nós”, diz, enquanto arruma as coisas para correr, de seguida, para os estúdios de uma televisão local.

Pouco depois, no centro de Simferopol, as unidades de auto defesa da Crimeia, grupos de civis pró-Rússia organizados para pa­trulhar a cidade, colam num poste de eletricidade um cartaz com a cara de Ernest: “Quem encontrar este fascista de Maidan (a praça de Kiev onde os protestos antigo-governamentais levaram à queda do Presidente ucraniano, Viktor lanukovitch, no mês passado) cha­mado Ernest Suleymanov, deve informar as unidades de autode­fesa da Crimeia” Perto dali, Anviers Kurtametov, o comandante de uma unidade especial das milí­cias pró-separatistas, organiza os seus 60 homens para patrulhar as ruas à procura de opositores corno Ernest. “Em Kiev fizeram o que quiseram, mas aqui, na Crimeia, vamos dar cabo deles", diz. “Eles são pagos pela Europa e pelos EUA para vir desestabilizar a junção da Crimeia à Rússia. Eu e os meus ho­mens estamos aqui para acabar com as provocações. Não andamos armados, mas, em caso de emergência, temos armas para levantar. Quem as deu? Que pergunta! Não foi a União Europeia, de certeza”, ironiza Anviers.

Ernest está em direto na tele­visão Mar Negro quando sabe que é procurado pelas Samooborona (milícias civis). O fim da entrevista precipitou-se. Ernest corre para dentro do seu carro com vidros fumados e arranca para o apar­tamento de uns amigos ativistas, gente que, como ele, sem saber ao que vinha, rumou de Kiev a Simferopol para disseminar o es­pírito de Maidan.

A casa fica na periferia da capital da Crimeia, num bloco de apartamentos tipicamente sovié­tico, em que cubos de betão co­bertos de fuligem, todos iguais, se multiplicam. Sasha e Tanya, dois dos moradores, levam as mãos à cabeça. Enquanto discutem como proteger Ernest, publicam a fo­tografia na página de Facebook destinada a denunciar os crimes russos na Crimeia. Decidem que Ernest não deve andar sozinho nem aproximar-se do centro da cidade: “Isto é fruto da propaganda russa, que invadiu a televisão com notícias de que toda a gente em Kiev e no Oeste da Ucrânia é fascista. Não é verdade. Nós fizemos a revolução em Maidan para aca­bar com lanukovitch e com a corrupção e para construirmos uma Ucrânia democrática”, diz Tanya, de 21 anos. “Os russos conseguiram contaminar a Crimeia em meia dúzia de dias”
PRÓS E CONTRA
Habitantes da Crimeia rejubilam com o discurso do Presidente Putin sobre a integração da Península na Rússia. Em Simferopol, antes do referendo

“NEM NAZIS NEM FASCISTAS”
Na semana subsequente à de posição de lanukovitch, o go­verno provisório da Ucrânia integrou membros dos parti­dos ultranacionalistas Svoboda e Sector Direito no aparelho de Estado, decretou a proibição do uso da língua russa no país (cancelando a lei poucos dias depois) e assistiu impávido ao derrube de estátuas de Lenine em várias cidades do país. Lá longe, no Kremlin, havia quem visse estas ofensas como uma oportunidade irrepetível para recuperar uma parte do império.

O Sector Direito, grupo de extrema-direita que desempenhou um papel fundamental na revolta Euromaidan (o nome deriva da Praça Maidan e das acusações de que a contestação ao regime de Viktor lanukovitch foi espicaçada pela União Europeia), é acusado pelos russos de ser um movimento fascista. Em Kiev, AndriyTarasenko, porta-voz deste movimento po­lítico e paramilitar, tinha rejeita­do tais acusações em entrevista ao Expresso. “Não somos nazis nem fascistas. Na nossa revolução há espaço para todas as etnias da Ucrânia. Somos nacionalistas, amamos o nosso pais e odiamos os nossos inimigos” frisara. Nas suas palavras havia uma tentativa de­sesperada de aligeirar a posição do seu líder, Dmytro Yarosh, que assu­miu abertamente a sua xenofobia contra russos e judeus, prometeu banir o Partido das Regiões (a que pertencia lanukovitch) e o Partido Comunista e apelara a que todos os ucranianos andassem armados. A Rússia quer julga-lo, por incitamento ao terrorismo. Mas, em Maidan a perspetiva é outra. Os feitos heroicos do Sector Direito garantiu lhe a simpatia de muitos jovens.

QUALQUER PERGUNTA SOBRE AS RAZÕES DOS CRIMEANOS PARA ABANDONAREM A UCRÂNIA BATE NAS MESMAS RESPOSTAS: A ECONOMIA VAI MELHORAR; O NOVO GOVERNO EM KIEV É FASCISTA E APOIADO PELA AMÉRICA

O IMPÉRIO CONTRA-ATACA
No dia 9 de março, uma semana an­tes do referendo, já a Praça Lenine, no centro de Simferopol, estava pintada de azul, branco e verme­lho — as cores russas. Numa das cabeceiras da praça, o Conselho de Ministros era protegido pelas unidades de autodefesa da Crimeia e por soldados cossacos. No palco, grupos de música e bailado de vá­rias regiões da Rússia mostravam aos crimeanos o encanto do vizi­nho poderoso, enquanto o público, eufórico, aos pés da imponente es­tátua de Lenine, erguia bandeiras da antiga União Soviética e car­tazes antifascistas. “Esta é a nossa Primavera”, ouvia-se. As mesmas pessoas que cresceram a festejar os golos de Andriy Shevchenko e a cantar o hino ucraniano desejavam agora mudar de nacionalidade.

“Os banderas (Organização de Nacionalistas Ucranianos) der­rubaram o governo em Kiev de forma ilegal. Pensavam que nós também íamos ser fascistas, mas a Rússia está aqui para nos ajudar. Abençoada seja a Rússia! Esta é a nossa revolução”, dizia Maria Gutnik, uma dentista de 39 anos. Qualquer pergunta sobre as razões dos crimeanos para abando­nar a Ucrânia, batia nas mesmas respostas: “A economia vai me­lhorar”, “o novo governo em Kiev é fascista e apoiado pela América”, “queriam impedir-nos de falar russo” e "derrubaram as estátuas de Lenine” Precisamente os mes mos lemas veiculados de uma forma supersônica pela estraté­gia propagandística de Moscovo, que levou a Rússia a conquistar a Crimeia em duas semanas sem gastar qualquer munição.

No dia 27 de fevereiro, pres­sentindo que o Presidente russo, Vladimir Putin, se preparava para anexar a Crimeia ao território russo, mais de um milhar de ativistas ucranianos e tártaros juntaram-se diante do Parlamento local, aca­bando por se confrontar com os separatistas pró-Rússia, Morreram duas pessoas. Os tártaros, povo na­tivo da Crimeia, prometeram con­tinuar a lutar, mas, no dia seguinte, os tanques do exército russo che­garam a Simferopol, comandados por militares armados até aos dentes e sem identificação nas fardas.

A resistência parou. A cidade foi varrida pela máquina bélica e propagandística de Moscovo. Num ápice, cercaram as bases militares em toda a península, ordenando a capitulação do exército ucraniano, organizaram milícias de autodefesa para disseminar o medo e assegurar a ordem, nomearam como primeiro-ministro Sergei Aksyonov, líder do pequeno par­tido separatista Rússia Unida, que até à data tinha somente três assentos no Parlamento regional, e espalharam cartazes de incentivo a um voto pró-Rússia no referen do. Num deles lia-se: Prefere uma Crimeia russa ou nazi?
Mas nada foi tão determinante como o controlo das televisões. Quando Elvira Jalal, jornalista da televisão Mar Negro, financiada pelo partido da ucraniana Yulia Tymoshenko, chegou ao trabalho no dia 28 de fevereiro, o sinal da sua estação tinha sido substituído pelo da estação russa Rússia 24. “Os militares cercaram a torre e cortaram o sinal de quase todas as televisões ucranianas. Passámos a emitir apenas através do cabo e da internet" diz a jornalista. “Tanto os militares como as autodefesas são agressivos e ameaçam partir-nos o material.’' Por seu lado, a Crimeia TV, regulada pelo poder local, tornou-se o centro de imprensa da campanha pró-russa para o refe­rendo, organizando conferências de imprensa com o novo primei­ro-ministro, Aksyonov, com oligarcas e homens de negócios de Moscovo e até com famosos des­portistas russos, como o pugilista Nikolai Valuev, Natalya, 25 anos, apresentadora do bloco noticioso do canal, diz sofrer pressões para chamar “fascistas” aos manifestan­tes ucranianos, sendo ela própria ucraniana de gema e defensora de uma Crimeia integrada na Ucrânia “Os meus amigos e a minha família zangam-se comigo por eu dar estas notícias. Mas na Crimeia é difícil arranjar trabalho e eu tenho medo de perdê-lo. Não aguento mais, es­tou a pensar mudar me para Kiev ou para o estrangeira."

OS PRIMEIROS REFUGIADOS
O limite de Maxim, jornalista, de 21 anos, chegou mais cedo. Quatro dias antes do referendo, vendo a derrota cada vez mais próxima, decidiu fugir para Tornopil, na Ucrânia ocidental. “Sou um dos pri­meiros refugiados da Crimeia", dizia enquanto se despedia de amigos e colegas na estação de comboios de Simferopol. “Não quero ficar aqui a ver a Crimeia tornar-se russa. Sou um democrata socialista, um pensador livre e recuso-me a vi­ver num estado autocrático. Atém disso, as Samooborona andam à minha procura. Espalharam a mi­nha fotografia peia aldeia da minha família, perto de Ialta. A minha mãe fugiu na semana passada Agora vou eu” Segundo Maxim, cerca de 100 ucranianos já teriam abandonado nessa altura a Crimeia. O êxodo será massivo nos próximos meses.

Ao mesmo tempo que o comboio partia, a televisão russa continuava a enumerar a lista de benefícios que os crimeanos terão ao juntarem se à Rússia: aumento de salários, descida de impostos, gás e gasolina mais baratos, inde­pendência em relação ao império americano, resistência contra os fascistas de Kiev.

A 70 quilómetros dali, na bar­reira rodoviária montada para controlar a entrada de veículos em Sevastopol, a ilusão de um fu­turo mais próspero refletia-se nas palavras de Marina e das outras mulheres que se ofereceram para cozinhar para os soldados: “Os meus pais são russos, eu sou russa e falo russo. É claro que estou a viver um dos momentos mais felizes da minha vida", dizia, ao mesmo tem­po que servia uma calórica sopa salanka. “E mesmo os ucranianos deviam estar felizes, porque a eco­nomia russa é muito mais podero­sa. Não sei porque é que a Europa e a América veem a nossa inclusão na Rússia como o fim do mundo e bateram palmas aos terroristas de Maidan”, acrescentou.



O EXTERMINADOR DE PROVOCADORES
A palavra mais usada por estes dias na Crimeia é provocação, um mote herdado dos tempos soviéticos, em que era obrigatório não sair da linha. Uma manifestação é uma provocação. Um jornalista é um provocador. Aquele que incomoda, provoca. O trabalho de Anviers, o comandante da unidade especial das Samooborona, é aniquilar provocações e provocadores. É para isso que, todas as manhãs, reúne os seus 60 homens, dando lhes coordenadas para encontrar focos de desordem. Um deles é Ernest Suleymanov, que por estes dias pouco arrisca a sair da periferia.

A PALAVRA MAIS USADA POR ESTES DIAS NA CRIMEIA É PROVOCAÇÃO. 
O TRABALHO DE ANVIERS KURTAMETOV, CHEFE DAS MILÍCIAS SAMOPOBORONA, É ANIQUILAR PROVOCAÇÕES E PROVOCADORES.

O seu batalhão é composto por tipos com ar de rufia. "Vocês os seis controlam o rua Pushkin, vocês vão para o Parlamento ver o que os jor­nalistas andam a fazer, e este grupo aqui vai vigiar o protesto dos ucranianos" comanda Anviers, acon­chegado por um blusão vermelho, que cobre o colete à prova de bala, e por tunas calças de ganga com as extremidades enfiadas no cano das botas da tropa. Quando os homens partem, agarra-se ao telemóvel, que toca incessantemente. “Sou comandante da brigada especial que só responde ao primeiro ministro Aksyonov. Eu e mais algumas centenas de crimeanos estivemos em Kiev a protestar contra Maidan e a ajudar os Berkut (forças espe­ciais da polícia da Ucrânia). Fomos muito maltratados. Foi um plano da Europa para concretizar a revo­lução”, diz. “Quando aqui cheguei, reuni-me com alguns amigos e decidimos montar a primeira unida­de de autodefesa, com o apoio do senhor Aksyonov, para que os que destruíram Kiev não destruíssem Simferopol. Depois é o que se sabe: o primeiro-ministro pediu ao Putin para o ajudar e chegou o exército.”

Anviers, 33 anos, tem a particularidade de ser um dos pou­cos tártaros a apoiar a Rússia. “Os tártaros da Crimeia devem estar descansados, porque a Rússia não é o Estaline, e não nos vão deportar de novo. Ao contrário do governo ucraniano, que nos ignorou desde 1991, Putin vai dar-nos as estradas, os salários e o gás que os ucranianos nunca nos deram.” Ele próprio nasceu no exílio, em Tashkent, re­gressou à Crimeia com a queda do comunismo e serviu no exército junto à fronteira com a Hungria: “Fi-lo por dívida cívica — porque os meus pais puderam voltar à teria dos seus antepassados—, mas nun­ca por amor à bandeira ucraniana ” A unidade de Anviers foi cha­mada para guardar os boletins de voto do referendo, num local se­creto, e, no dia do sufrágio, foram também as milícias por ele comandadas que estiveram escondidas a cerca de uma centena de metros dos locais de voto, armadas com Kalashnikov, interditas de serem filmadas por qualquer estação te­levisiva e autorizadas a atirar sobre qualquer provocador.
 KIEV
O Sector Direito, Movimento Nacionalista que teve um papel essencial na revolta, é acusado pelos russos de ser fascista


O PESO DOS TÁRTAROS
O peso da História faz com que a Rússia não ouse perturbar o povo tártaro, que representa uns 13 a 15% da população da Crimeia. Na noite de 18 de maio de 1944, Estaline deportou 218 mil tártaras da Crimeia para o Uzbequistão, especialmente mulheres e crianças, em comboios. Calcula-se que metade tenha mor­rido durante a viagem. Na aldeia tártara de Ana Yurt, o Expresso ou­viu o relato de Urchen Ibrahimova, de 79 anos, que só teve tempo de agarrar num Corão e num cobertor quando os soldados soviéticos a arrastaram para a carruagem. “Não tínhamos comida e morríamos de frio. Perdi três irmãos e duas irmãs durante a viagem e tive de atirar os seus corpos para fora do combóio. Tinha apenas 9 anos. E, desde esse dia, sonhei voltar à Crimeia. A Ucrânia deu-me essa oportunidade. Não nos deu luz eléctrica, boas estradas, bons ordenados, mas pelo menos deu-nos a possibilidade de viver na nossa terra. Tenho medo que a Rússia não faça o mesmo”, desabafa.

"AO CONTRÁRIO DO GOVERNO UCRANIANO, QUE NOS IGNOROU DESDE 1991, PUTIN VAI DAR-NOS ESTRADAS, OS SALÁRIOS E O GÁS QUE OS UCRANIANOS NUNCA NOS DERAM", DIZ O TÁRTARO ANVIERS

No domingo, mesmo antes da contagem dos votos, já uma grande bandeira rüssa escorria do topo do Parlamento da Crimeia e já havia festa na Praça Leníne. Ao longo do dia, chegaram milhares e mi­lhares de crimeanos para celebrar o resultado há muito anunciado — a Crimeia junta-se ao Kremlin. Na Embaixada da Rússia podia ler-se que, no dia seguinte, segun­da-feira, a porta estaria fechada. Artistas vindos de Moscovo e São Petersburgo aguardavam para atuar. À noite, já não havia sequer espaço para furar a multidão que, exultante, fazia a vodca escorrer pelas gargantas. Na fachada do edifício do Conselho de Ministros lia-se: "Primavera Crimeia'’. E fazia um frio de rachar. “Sevastopol: 96% para a Rússia” anunciou o orador. E o fervor uníssono: “Rússia. Rússia” E o peso de todos aqueles saltos a fazer virar os tabuleiros do mundo, depois de um xeque-mate russo que a História não vai esquecer.
 SÍMBOLO
No domingo, antes do referendo, já uma bandeira pendia do topo do Parlamento da Crimeia

“ISTO É SÓ 0 INÍCIO’’
A um canto da praça, Anviers não saltava. Limitava-se a observar. Contra os seus prognósticos, não houve violência no dia do referendo e talvez daí o gosto amargo mes­mo na vitória. Outro cigarro. “Isto é só o início. Donetsk, Karkhiv e Odessa vão querer seguir os nossos passos. Já disse aos nossos homens que é para lá que vamos a seguir. A Ucrânia vai ficar só com Kiev e com a parte ocidental. O resto é russo.”

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