Obama disse, ainda
antes dos desenvolvimentos deste sábado, que poderia faltar à próxima reunião
do G8
PÚBLICO 01/03/2014
- 18:16 (actualizado às 23:37)
Ocidente preocupado com possível conflito na Ucrânia.
Obama apelou à via pacífica e Putin garantiu que se a violência persistir,
Moscovo “reserva o direito de proteger os cidadãos russos”
Durante uma conversa
telefónica com Vladimir Putin. Barack Obama afirmou que a
intervenção na Ucrânia é "uma clara violação da soberania e da integridade
territorial da Ucrânia" e lembrou que constitui "uma quebra do
direito internacional". O Presidente dos EUA pediu uma "diminuição
das tensões" através do regresso das forças militares às bases na Crimeia
e garantiu que reconhece "os laços culturais e históricos profundos"
que ligam os dois países.
"Se a Rússia tem
preocupações acerca do tratamento das etnias russas e das populações de
minorias na Ucrânia, a forma apropriada para as resolver é pacificamente",
disse Obama ao Presidente russo, segundo uma nota da Casa Branca.
Putin alertou para
"as acções provocatórias e criminosas dos ultra-nacionalistas, encorajadas
pelas actuais autoridades em Kiev", e afirmou que "existem ameaças
reais à vida e integridade física dos cidadãos e compatriotas russos no
território ucraniano". "Se a violência se espalhar nas regiões do
Leste da Ucrânia e na Crimeia, a Rússia reserva o direito de proteger
a vida dos falantes de
russo", afirmou Putin, de acordo com o Kremlin.
Já depois de
conhecido o pedido para envio de tropas para a Ucrânia feito ao Parlamento
russo pelo Presidente, Vladimir Putin, o Reino Unido pediu uma reunião
do Conselho de Segurança das
Nações Unidas, a segunda em dois dias, a realizar na noite de sábado. E os
ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia marcaram encontro para
segunda-feira em Bruxelas. Citado pela agência ucraniana Interfax, Andry
Deschitsia, ministro interino dos Negócios Estrangeiros do novo poder em Kiev, anunciou
na tarde deste sábado que também a NATO, Aliança Atlântica, marcou uma reunião especial
sobre a Ucrânia para segunda-feira.
Na noite de
sexta-feira, dia em que a Rússia confirmou a acção militar na Crimeia, Obama
manifestara-se “profundamente inquieto” e declarou que “qualquer violação da
integridade territorial e soberania da Ucrânia seria profundamente
desestabilizadora, e representaria uma séria interferência em matérias que
devem ser decididas pela população ucraniana”. O Presidente dos Estados Unidos
disse que as acções militares russas comportam um risco de desestabilização
regional que mereceria “a condenação da comunidade internacional”.
Obama reuniu durante
a tarde de sábado com a sua equipa de segurança nacional para avaliar as opções
disponíveis para resolver a crise na Ucrânia, segundo uma responsável da Casa
Branca, citada pela AFP. O secretário de Estado da Defesa, Chuck Hagel, esteve
em contacto com o seu homólogo russo, Sergei Lavrov.
“Inquietação” foi uma
palavra repetida por outros líderes ocidentais, caso da chanceler alemã, Angela
Merkel, segundo a qual “tudo deve ser feito para preservar a integridade
territorial” da Ucrânia. A chefe do governo de Berlim confirmou que tanto ela
como “muitos outros” dirigentes ocidentais têm estado em contacto com Putin e
com os novos responsáveis do governo de Kiev.
Também o Reino Unido
e a França e manifestaram a sua preocupação. O chefe da diplomacia britânica,
William Hague - que tem prevista para este domingo uma deslocação à Ucrânia
para contactos com a nova liderança - disse que a autorização do Parlamento
russo para uma acção militar é “uma ameaça potencialmente grave para a
soberania da Ucrânia”.
Antes disso, no seu
Twitter, Hague revelou ter falado com o ministro alemão dos Negócios Estrangeiros
alemão, Frank-Walter
Steinmeier, sobre a necessidade e acção diplomática internacional, e com o
ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, apelando a uma
redução da tensão e ao respeito pela soberania ucraniana.
Numa declaração
citada pela Reuters, Steinmeier referiu-se à situação como perigosa e pediu
à Rússia para clarificar as suas intenções. “Quem agora puser mais petróleo no
fogo, com palavras ou acções, está conscientemente à procura de uma escalada na
situação”, disse. O ministro alemão sublinhou também a necessidade de uma
posição comum da União Europeia sobre o problema ucraniano. A chefe da
diplomacia da UE, Catherine Ashton, pediu à Rússia para renunciar ao envio de
tropas e anunciou que os ministros dos Negócios Estrangeiros dos 28 vão reunir-se na segunda-feira para
discutir a situação na Ucrânia.
O presidente da
Comissão Europeia, Durão Barroso, defendeu que "os desafios da Crimeia
devem ser abordados num quadro de respeito da unidade e soberania ucranianas".
O primeiro-ministro
francês, Jean-Marc Ayrault, e o seu ministro dos Negócios Estrangeiros, Laurent
Fabius, sublinharam igualmente, por palavras mais ou menos iguais, a
necessidade de “tudo fazer para que a integridade territorial do país seja totalmente
respeitada”. Na mesma linha, o secretário-geral da NATO, Anders Fogh Rasmussen,
escreveu no Twitter que “a Rússia deve respeitar a soberania, integridade
territorial e as fronteiras da Ucrânia”.
Outra das reacções
veio do ministro dos Negócios Estrangeiros da Suécia, Cari Bildt, que no seu
Twitter classificou a intervenção russa na Ucrânia como “claramente contra a
lei internacional e os princípios da segurança europeia”.
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