A OCDE, liderada por
Angel Gurría, concorda com a redução progressiva dos estímulos económicos por
parte da Fed
PEDRO CRISÓSTOMO 11/03/2014
- 13:27
Organização recomenda
que BCE e Banco do Japão mantenham ou considerem mesmo aumentar os estímulos
económicos.
A recuperação Da economia mundial segue a bom ritmo nos
países industrializados, mas sobre a zona euro, o Japão e algumas economias
emergentes ainda permanecem alguns riscos, alertou nesta
terça-feira a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE),
que prevê um crescimento moderado para a economia global este ano.
Se, nos Estados Unidos, a retoma segue a bom ritmo,
deixando margem para a retirada progressiva dos estímulos económicos da Reserva
Federal norte-americana, a recuperação está a ser mais ténue no Japão
e na zona euro, nota a instituição liderada pelo economista mexicano Angel
Gurría, num relatório com a actualização das previsões económicas para os
principais países industrializados.
Embora tenham diminuído alguns riscos em torno do crescimento
global, nomeadamente por causa da recuperação dos EUA
e de uma melhoria da situação dos mercados na Europa, a OCDE mantém-se receosa em relação às “fragilidades” na zona
euro e à situação do Japão.
A isso somam-se desempenhos desiguais entre as economias emergentes, onde
a desaceleração económica “deverá pesar sobre o crescimento
global”, avisou o economista-chefe interino da OCDE, Rintaro Tamaki, citado num
comunicado da instituição. “Uma vez que as economias emergentes representam
agora mais da metade da economia mundial”, o desempenho abaixo da média de
“várias das principais” economias emergentes poderá “significar que o
crescimento global só continuará a ser moderado no curto
prazo”, enfatiza a organização numa nota.
Já para o conjunto do G7 — que junta EUA, Japão, Reino
Unido. Alemanha, França, Itália a Canadá — a OCDE
projecta um crescimento de 2,2% nos primeiros três meses do ano, ritmo que
deverá agrandar para 2% no período de Abril a Junho.
Para a maior economia mundial, a organização projecta um crescimento (em ritmo
anualizado) de 1,7% no primeiro trimestre deste ano, seguido de uma aceleração
do PIB a um ritmo de 3,2%. Se, no primeiro
trimestre, se prevê que o Japão tenha um crescimento de 4,8%, no seguinte, a
terceira maior economia do mundo deverá registar uma contracção de 2,9%. Tanto
no caso dos EUA, como do Japão, as previsões da OCDE para o segundo trimestre
não foram actualizadas face às projecções divulgadas em Novembro.
Na Europa, onde a organização nota “grandes
disparidades”, as três maiores economias da moeda única (Alemanha, França e
Itália) deverão crescer a um ritmo anualizado de 1,9% no primeiro
trimestre, e de 1,4% no segundo. O desempenho deve-se sobretudo à Alemanha, onde a previsão de
crescimento é bem mais robusta do que nos outros dois países. Enquanto para a
economia alemã a OCDE projecta crescimentos de 3,7% e de 2,5% (primeiro e
segundo trimestres, respectivamente), para a economia francesa aponta
progressões de 0,7% e de 1%, e para a economia italiana crescimentos de 0,7% e
de 0,1% nos mesmos períodos.
Mais robusto deverá ser o crescimento no Reino Unido,
onde se prevê que o crescimento (também em ritmo anualizado) seja de 3,3%,
tanto no primeiro, como no segundo
trimestre.
A
organização recomenda às autoridades de política monetária da zona euro e do
Japão que mantenham a trajectória das suas políticas monetárias, embora
considerem que o Banco Central Europeu (BCE) e o Banco do Japão devem mesmo
considerar a possibilidade de aumentar os estímulos às suas economias. Isto
numa altura em que a Reserva Federal norte-americana mantém em cima da mesa o seu
programa de apoio à economia, embora tenha já iniciado a diminuição da dimensão
do programa de compra de activos para estimular a economia.
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