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domingo, 16 de março de 2014

Ucrânia denuncia reforço militar russo na Crimeia em dia de votação

Eleitora vota na aldeia de Pobednoe
PÚBLICO  16/03/2014  - 11:55 (actualizado às 13:38)
Ninguém duvida que o referendo seja desfavorável à separação da Ucrânia. Moscovo levanta bloqueio às bases ucranianas, mas só até sexta-feira

Os habitantes da península ucraniana da Crimeia estão, este domingo, a votar sobre a sua ligação à Rússia - um escrutínio considerado ilegal pela Ucrânia, pelos Estados Unidos da América e pela União Europeia. Ao mesmo tempo, o Governo de Kiev denunciou o reforço da presença militar russa na região.

Os eleitores, milhão e meio, são convidados a escolher entre a integração na Federação da Rússia e uma autonomia mais alargada no seio da Ucrânia. Apoiada pelo Governo de Moscovo, a consulta eleitoral foi organizada pelas autoridades pró-russas locais num tempo recorde de duas semanas. A votação decorre sem a presença de observadores ou jornalistas locais.

Ninguém duvida que o referendo, que o Governo de Kiev e os países ocidentais consideram violar a Constituição ucraniana, seja desfavorável à separação da Ucrânia, devido ao peso maioritário dos russófonos na população. A votação é boicotada pela população tártara.

“Vim votar neste dia de festa para benefício da Crimeia e dos seus habitantes e agora vou celebrar”, disse à Reuters Vladimir, um eleitor dos seus 40, depois de votar num escola na região de Sinferopol, a capital.

As perguntas feitas aos eleitores prevêem duas hipóteses - a primeira é a secessão e reunificação com a Rússia, a segunda o regresso à Constituição de 1992, que permite maior autonomia e dá poder aos órgãos regionais para escolherem o seu rumo.

As urnas abriram às 8h00 locais (6h00 em Portugal Continental) e encerram 12 horas mais tarde. Os primeiros resultados deverão ser divulgados pouco depois.

Já com as urnas abertas, o ministro interino da Defesa da Ucrânia, Ihor Teniukh, disse que a Rússia continua a reforçar a sua presença militar na Crimeia e tem agora 22.000 soldados na região - um número largamente superior ao limite de 12.500 previstos nos acordos sobre a permanência na região da frota russa do Mar Negro.

“Infelizmente, num curto período de tempo, esses 12.500 aumentaram para 22.000. É uma brutal violação dos acordos bilaterais e uma prova de que a Rússia trouxe ilegalmente tropas para o território da Crimeia”, disse Teniukh, numa entrevista à agência Interfax. “As forcas armadas ucranianas estão a tomar as medidas adequadas ao longo das fronteiras a sul”, acrescentou.

Desde que Viktor Ianukovich foi afastado da presidência da Ucrânia pelo Parlamento, em Fevereiro, após meses de contestação na rua, soldados russos assumiram o controlo efectivo da Crimeia.



Os comandantes das forças russas e ucrânianas na península da Crimeia chegaram este domingo a um acordo sobre o movimento de navios. A Rússia, que tinha bloqueado a entrada e saída de navios ucranianos (e o acesso às bases ucranianas), comprometeu-se a deixar de o fazer... mas só até sexta-feira 21 de Março. O anúncio do acordo foi feito pelo ministro da Defesa interino ucraniano, Igor Tenioukh.


O bloqueio estava a impedir o abastecimento que, pelo manos durante alguns dias, poderá ser retomado.

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