Serguei Lavrov e John Kerry já estão a falar sobre o futuro da Ucrânia
PÚBLICO 30/03/2014- 17:36
(actualizado às 18:17)
Kiev rejeita a ideia,
aconselhando Moscovo a "parar de ditar ultimatos a um país soberano e
independente". Ministro russo e Jonh Kerry já estão a falar, em Paris.
Horas antes do encontro
com o secretário de
Estado norte-americano, em Paris, o ministro
dos Negócios
Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, voltou a insistir que uma solução diplomática para a crise na Ucrânia - e para a tensão militar na fronteira com a Rússia – terá de passar pelo reconhecimento da autonomia das regiões do Sul e do Leste, no quadro de um Estado federal. Kiev veio já rejeitar liminarmente a proposta.
Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, voltou a insistir que uma solução diplomática para a crise na Ucrânia - e para a tensão militar na fronteira com a Rússia – terá de passar pelo reconhecimento da autonomia das regiões do Sul e do Leste, no quadro de um Estado federal. Kiev veio já rejeitar liminarmente a proposta.
A “Federalização” da
Ucrânia assume-se, de forma cada vez mais clara, como peça central do plano de
Moscovo para o desanuviamento da crise que fez renascer na Europa o clima da
Guerra Fria. “[Só uma estrutura federal] protegerá os direitos dos que vivem na
Ucrânia e principalmente da população russa, que é quem nos preocupa”, disse o
chefe da diplomacia de Moscovo, pouco antes de partir para Paris.
Sábado, no rescaldo do telefonema entre os presidentes Vladimir Putin e Barack
Obama, Lavrov tinha já dito que a Rússia
“não vê, francamente, outro caminho para o desenvolvimento
sustentável do Estado ucraniano
que
não seja a federalização”, em que as regiões possam decidir sobre “as ligações
económicas e culturais com as regiões e os países vizinhos. ”Agora, o ministro
russo propõe que americanos e europeus adiram à ideia para, em conjunto,
formularem uma proposta aos que estão agora no poder”. Um convite ao diálogo
feito “a todas as forças políticas ucranianas,
à excepção naturalmente dos radicais armados”.
Vários diplomatas
reconhecem que é vital a concessão de maior autonomia às regiões de maioria
russófona, onde são muitos os que não se revêem no rumo tomado pelo Governo
interino ucraniano, dominado pela oposição pró-ocidental, e temem um
afastamento da esfera de influência russa.
Mas a ideia não
consta do plano apresentado pelos Estados Unidos (centrada no recuo das tropas
russas e no envio de monitores internacionais para as regiões russófonas) que
está em cima da mesa no encontro deste domingo entre Lavrov e John
Kerry - os dois responsáveis já chegaram à residência do embaixador americano
em Paris. E, mais importante do que isso, é liminarmente rejeitada por Kiev.
“Gostaríamos que a Rússia parasse de ditar ultimatos a um país soberano e
independente e centrasse a sua atenção na situação catastrófica e na total
ausência de direitos das suas próprias minorias, incluindo a ucraniana”, reagiu
o Ministério dos Negócios Estrangeiros, em comunicado.
Evocando também a
proposta feita por Lavrov para que Kiev voltasse a reconhecer o russo como
segunda língua oficial do país, a nota questiona por que não faz Moscovo o
mesmo como as outras línguas faladas no seu país. “O ucraniano é a língua de
milhões de cidadãos russos”, afirma o comunicado, convidando o Governo russo
para a “deixar de pregar para os outros” e a “olhar para o que se passa no seu
próprio país”.
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