O discurso de Putin, ouvido numa praça em Sebastopol, na Crimeia
PUBLICO 19/03/2014-08:51 (actualizado às 12:01)
Ministro dos Negócios
Estrangeiros russo reagiu às sanções anunciadas pela União Europeia e
Estados Unidos. Moscovo diz que Ocidente desrespeitou soberania da Ucrânia ao apoiar derrube de Ianukovich.
A
Rússia disse aos Estados Unidos que as sanções internacionais anunciadas contra responsáveis russos e
ucranianos
por causa da Crimeia são inaceitáveis e terão consequências.
por causa da Crimeia são inaceitáveis e terão consequências.
Depois
do referendo que os países ocidentais consideraram ilegal, mas onde a opção
pela integração na Rússia recolheu 96,77% dos votos, Washington e a União Europeia anunciaram
a imposicão
de sanções a 21 pessoas (políticos e chefes militares), acusadas de terem
responsabilidade no processo que levou a realização da consulta
Terça-feira, após a assinatura de
um tratado que integra a península do Mar Negro na Federação Russa, a Casa
Branca garantiu que vai alargar as sanções já aprovadas e o vice-presidente, Joe Biden, acusou o
Presidente Vladimir Putin de “confiscação de território”.
Horas depois, o ministro dos
Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, falou ao telefone com o secretário de Estado norte-americano,
John Kerry. Seguiu-se o comunicado do
Ministério em Moscovo: “Os residentes da república da Crimeia fizeram a sua
escolha democrática em linha
com a lei internacional e com a Carta das Nações Unidas, o que a
Rússia aceita e respeita. As sanções introduzidas pelos EUA e pela União
Europeia são inaceitáveis e não vão permanecer sem consequências.” Lavrov não
explicou o que quer dizer com consequências.
Um aviso idêntico foi feito esta
quarta-feira por Igor Sechin, chefe da
empresa estatal de energia russa. “Pensar em expandir sanções só
vai piorar o conflito”, afirmou, numa visita a Tóquio. “Não ajuda a resolver o problema e não é produtivo”.
Sechin, aliado de Putin, falava
num fórum de investimento entre a Rússia e o Japão.
Durante a visita, ofereceu mais cooperação aos investidores japoneses nas áreas
do petróleo e do gás - a viagem, que o levou ainda à índia, ao Vietname e à
Coreia do Sul, é um sinal de que a Rússia se vira para Leste, escreve a
Reuters.
Também o Japão, que se tem
aproximado de Moscovo, anunciou sanções por causa da Crimeia e ameaçou
suspender as negociações sobre um pacto de investimento e novas regras para
tornar mais fácil a obtenção
de vistos por parte de
cidadãos russos.
Depois do discurso apoteótico
de Putin, celebrando a recuperação da Crimeia para a Rússia e assinando o acordo
que permite a integração da península, os deputados russos disseram esta
quarta-feira que vão tentar ratificar o acordo já nos próximos dias. “Todos os
esforços estão a ser feitos para ratificar o acordo até sexta-feira”, disse
esta quarta-feira o vice-presidente da Duma, Sergei Zhelezniak, num encontro com líderes da
Crimeia.
O Tribunal Constitucional russo
não perdeu tempo e esta quarta-feira já validou o acordo que integra a Crimeia
na Rússia. “O Tribunal confirmou que o tratado respeita a Constituição. A
decisão foi tomada por unanimidade”, disse o presidente do tribunal, Valeri Zorkin.
O Ministério russo dos Negócios
Estrangeiros acusou os Estados Unidos e a UE de terem violado a soberania da
Ucrânia ao terem "apoiado o golpe de Estado" que levou à queda do
Presidente Viktor Ianukovich, em Fevereiro. Moscovo referiu-se
ao Memorando de
Budapeste, o tratado internacional assinado em 1994 pelos EUA, pelo Reino Unido
e pela Rússia, que garante a integridade territorial da Ucrânia, que concordou
em destruir o seu arsenal nuclear, na época o terceiro maior do mundo.
A violação do memorando tem sido
um dos argumentos mais utilizados pelo Ocidente para condenar a intervenção
russa na Crimeia, mas agora é Moscovo que o inverte, acusando as potências
ocidentais de terem desrespeitado a soberania da Ucrânia.
Moscovo acusou ainda
o Presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy,
de ter cancelado uma visita à Rússia por se recusar a querer conhecer a
"verdade" sobre a crise na Crimeia. "Não deixaram o Presidente
do Conselho Europeu partir [para Moscovo] e, para mais, foi o seu
próprio lado que não o deixou", afirmou o Ministério russo dos Negócios
Estrangeiros, através de um comunicado.
"
Por que é que ele haveria de querer saber a verdade se
tudo já foi decidido", acrescentaram.
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