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sexta-feira, 28 de março de 2014

Obama exige à Rússia a retirada das tropas da fronteira com a Ucrânia

Obama acusa a Rússia de “intimidar” a Ucrânia
PÚBLICO  28/03/2014  - 13:38


Presidente norte-americano diz que política de Vladimir Putin assenta numa “mágoa profunda” pelo fim da União Soviética

O Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, instou a Rússia a retirar as suas tropas da fronteira com a Ucrânia e a encetar negociações directas com o Governo interino de Kiev.

Numa entrevista à estação de televisão CBS, gravada em Roma, Barack Obama comentou as movimentações de dezenas de milhares de tropas na fronteira, "sob a aparência de exercícios militares".

"Pode simplesmente ser um esforço para intimidar a Ucrânia, ou eles podem ter outros planos", disse o Presidente norte-americano, na linha do que já tinha sido dito pelo vice-conselheiro nacional de Segurança dos Estados Unidos, Tony Blinken, numa entrevista à CNN, no domingo passado. Nesse mesmo dia, o líder da NATO na Europa, o general norte-americano Philip Breedlove, alertou para os receios de que a Rússia esteja a preparar-se para invadir outras regiões no Leste da Ucrânia, ou até mesmo a república separatista da Transnístria, na Moldova, na fronteira Sudoeste ucraniana.

Num comentário sobre as possíveis motivações do Presidente russo, Vladimir Putin, para anexar a península da Crimeia sem o reconhecimento da quase totalidade dos membros das Nações Unidas, Barack Obama disse que estará em causa uma "mágoa muito profunda em relação ao que ele considera ser a perda da União Soviética".

"Seria de esperar que, ao fim de duas décadas, um líder russo estivesse ciente de que o caminho certo não é voltar atrás e agir de uma forma característica da Guerra Fria, mas sim seguir em frente para uma maior integração na economia mundial e uma maior responsabilidade como actor internacional", disse o Presidente norte-americano.

As recentes acções de Moscovo, continuou Barack Obama, revelam "um sentimento nacionalista russo muito forte e um sentimento de que o Ocidente se aproveitou da Rússia no passado".

“O que eu tenho dito várias vezes é que ele [Vladimir Putin] pode estar a errar na leitura que está a fazer do Ocidente. Não há dúvidas de que está a errar na leitura sobre a política externa americana. Não temos qualquer interesse em cercar a Rússia e não temos quaisquer interesses na Ucrânia, para além de querermos que os ucranianos tomem as suas próprias decisões sobre as suas vidas", disse o Presidente norte-americano.

Reafirmando o reconhecimento de que a Rússia tem interesses legítimos na Ucrânia, Obama rejeitou totalmente a forma que Moscovo escolheu para demonstrar esse facto ao mundo. "Eles têm influência na Ucrânia por causa do comércio, da tradição e da língua. Toda a gente reconhece isso. Mas há uma diferença entre isso e enviar tropas e anexar uma parte do país só porque se é maior e mais forte. Não é desta forma que a lei e as normas internacionais são cumpridas no século XXI."

Quanto à resposta da NATO a uma eventual invasão russa da Ucrânia, o Presidente norte-americano foi vago, preferindo insistir na eficácia das sanções económicas. Sobre o peso da aliança atlântica, sublinhou que a sua força será o que todos os seus membros quiseram que seja, referindo-se a países como a Alemanha e o Reino Unido.

Também nesta sexta-feira, Viktor Ianukovich - afastado do poder em Fevereiro, mas que continua a apresentar-se como Presidente legítimo da Ucrânia - emitiu um comunicado a apelar à realização de referendos em outras regiões do país.

"Como um Presidente que está convosco em todos os pensamentos, apelo a todos os cidadãos sensatos da Ucrânia: não cedam aos impostores! Exijam um referendo sobre o estatuto de cada região da Ucrânia”, lê-se no comunicado, citado pela agência russa ITAR-TASS.

“Tudo o que tem acontecido nos últimos meses na Ucrânia é um golpe de Estado armado, liderado pela oposição, com o recursdo a armas de grupos terroristas, e com o total apoio de alguns Estados ocidentais", afirmou.

"Só um referendo sobre a Ucrânia em cada região pode estabilizar a situação política e preservar a sua independência e unidade", conclui Viktor Ianukovich.


Numa votação realizada na quinta-feira, a Assembleia Geral das Nações Unidas condenou o referendo realizado na Crimeia: 100 votos contra, 58 abstenções e 11 votos a favor. Para além da Rússia, votaram a favor da legitimidade do referendo a Arménia, Bielorrússia, Bolívia, Cuba, Coreia do Norte, Nicarágua, Sudão, Síria, Zimbabwe e Venezuela.

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