O ministro alemão disse depois
que "rejeita claramente quaisquer comparações entre a Rússia e o Terceiro
Reich
PÚBLICO 31/03/2014- 16:58
Ministro das Finanças alemão diz que os métodos da Rússia
de Vladiinir Putin "foram utilizados por Hitler para anexar a região dos
sudetas". Angela Merkel diz que a Crimeia "é um caso único".
O influente ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, juntou-se à lista de pessoas
que comparam a postura da Rússia em relação à Ucrânia aos acontecimentos que
levaram à invasão da antiga Checoslováquia por Adolf
Hitler, em 1938.
"Sabemos disso através da História. São métodos que
foram utilizados por Hitler para anexar a região dos sudetas”, disse o ministro
perante uma plateia de estudantes alemães, durante uma audiência pública no
Ministério das Finanças.
Era difícil negar o teor desta declaração, mas Wolfgang
Schauble não teve outra alternativa, depois da frieza com que ela foi recebida
pela chanceler alemã, Angela Merkel. Questionada numa conferência de imprensa
sobre se a comparação é legítima, Merkel limitou-se
a responder que
"a anexação da Crimeia é um caso único" e a reafirmar que constitui
uma violação das leis internacionais.
O ministro das Finanças veio depois transmitir a sua
posição final sobre a matéria, através do seu porta-voz: "O ministro Schauble
deixou claro, num evento com estudantes, que as acções da Rússia na Ucrânia
violam as leis internacionais e alertou para as consequências de uma falência
da ordem do Estado. Rejeita claramente quaisquer comparações entre a Rússia e o
Terceiro Reich."
No dia 4 de Março, a antiga secretária de Estado norte-americana Hillary Clinton
proferiu declarações no mesmo sentido. "Se isto soa a algo familiar, foi o
que Hitler fez na década de 1930", disse Clinton durante uma campanha de
recolha de fundos em Long Beach, na Califórnia.
"Hitler estava sempre a dizer que todos os que eram
de etnia alemã, descendentes de alemães que estavam em sítios como a
Checoslováquia e a Roménia, não eram bem tratados. 'Tenho de ir lá proteger o
meu povo’, e foi isso que deixou toda a gente tão nervosa", reforçou
Clinton.
No dia seguinte, a antiga secretária de Estado norte-americana quis corrigir as suas
declarações: "Só quero que toda a gente tenha um pouco de perspectiva
histórica. Não estou, de modo algum, a fazer uma comparação, mas estou a
recomendar que talvez possamos aprender algo com esta téctica, que já foi
usada", disse Clinton na Universidade da Califórnia, em Los Angeles.
Em causa estão os argumentos usados pelo Presidente da
Rússia, Vladimir Putin, que justificou a presença na Crimeia com a necessidade
de proteger os cidadãos de etnia russa.
Em 1938, Adolf Hitler anexou a região dos sudetas (de
maioria germânica) após um acordo assinado em Munique com o então
primeiro-ministro britânico, Neville Chamberlain; o chefe do Governo francês,
Édouard Daladier; e o líder fascista italiano Benito Mussolini.
Nos termos desse acordo - que Neville Chamberlain descreveu como "o prelúdio de um
acordo mais abrangente, através do qual toda a Europa poderá encontrar a
paz", e Winston Churchill classificou como "um desastre de primeira grandeza que se
abateu sobre o Reino Unido e a França" -, a Alemanha comprometeu-se a não anexar o
restante território da Checoslováquia. Seis meses depois, as tropas nazis
entravam em Praga.
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