Troca de matrícula na Crimeia
PÚBLICO 22/04/2014
- 14:36
Passar de um país
para outro criou problemas que transtornam o dia a dia na península.
Um mês depois de ter sido anexada pela Rússia, a
integração da Crimeia está a revelar-se mais complicada do que muitos dos seus
habitantes esperavam quando em Março votaram no referendo organizado pelas autoridades
locais.
“Vai demorar dois ou
três anos para que este caos se resolva, mas até lá temos de continuar a
viver”, queixou-se Vladimir Kazarin,
professor na universidade local, ao enviado do New York Times à península que, 60 anos depois de ter sido “doada” pela
URSS à Ucrânia, regressou ao país a que a maioria dos habitantes sente como
seu.
Só que a cisão com
Kiev deu origem a um verdadeiro puzzle burocrático que entrava o dia a dia. As sucursais dos
bancos ucranianos fecharam e são ainda poucos os bancos russos a operar na
região, os processos nos tribunais foram suspensos enquanto decorre a adaptação
à legislação russa e há milhares à espera para obter passaporte russo.
Nas escolas é previso
alterar os currículos, o comércio faz-se ora em moeda
russa ora em moeda
ucraniana e a taxa de câmbio é flutuante, conta o jornal norte-americano, acrescentando que
muitas empresas estrangeiras fecharam portas e as mercadorias chegam sobretudo
pelo que liga a península ao Cáucaso russo.
As autoridades
locais, que contam com a ajuda de burocratas enviados por Moscovo, consideram
normais as dificuldades e contam já com
os investimentos
anunciados pela Rússia, incluindo os planos para transformar a região “numa
meca do jogo”.
Mas há também quem se
sinta intimidado pelas milícias de autodefesa que agora patrulham as ruas,
detêm suspeitos e impõe a nova ordem. É o caso de Natalia Rudenko,
directora da única escola ucraniana, que contou ter sido afastada depois de os
milicianos terem aparecido a querer saber porque não estava o russo a ser usado
nas salas de aula.
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