Forças especiais
ucranianas guardam a sede do governo regional de Kharkov. No Leste da Ucrânia
PÚBLICO
08/04/2014 - 08:58
Forças ucranianas detêm 70 manifestantes pró-russos em “operação
antiterrorista” na cidade de Kharkov.
A Rússia aconselhou o Governo ucraniano a suspender de imediato os
preparativos de uma “operação militar” contra as regiões russófonas do Leste,
alertando que “podem desencadear uma guerra civil” no país. Um aviso que chega
na mesma altura em que Kiev anuncia estar em curso uma “operação antiterrorista”
na cidade de Kharkov contra os manifestantes que, na última madrugada, atacaram
um edifício governamental.
“Segundo as nossas informações,
unidades das forças do Ministério do Interior e da Guarda Nacional ucraniana
estão a ser enviadas para as regiões do sudeste da Ucrânia, nomeadamente
Donetsk”, denunciou o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov,
afirmando que, a par das forças regulares, seguem também “combatentes do grupo
armado ilegal Sector Direito”, um grupo ultranacionalista ucraniano que ganhou
força durante os protestos em Kiev que levaram à fuga do ex-Presidente Viktor Ianukovich.
“A tarefa que lhes foi confiada é a de esmagar pela força a contestação dos
habitantes do sudeste do país contra a política das autoridades de
Kiev”, denunciou Lavrov, dizendo ainda ter informações de que nesta operação
participam “150 especialistas americanos do grupo militar privado Greystone, que envergam uniformes do grupo Sokol”,
filial na Ucrânia de uma empresa de segurança francesa.
Os alertas de Lavrov surgem como uma espécie de resposta às denúncias do
Governo ucraniano que, na segunda-feira, afirmou que a tomada de edifícios no
Leste da Ucrânia por grupos pró-russos representa “a segunda fase de um plano
de desestabilização da Rússia” com vista a desmembrar o país. Num artigo
para o jornal britânico Guardian, o
chefe da diplomacia russa volta a rejeitar as interferências na situação
interna da Ucrânia e acusa os países ocidentais de, com as suas denúncias,
estarem a “aumentar sem razão a tensão” na região.
Operação antiterrorista em Kharkov
A tensão na Ucrânia aumentou inesperadamente quando grupos de manifestantes
pró-russos tomaram, quase em simultâneo, edifícios governamentais nas cidades
de Donetsk, Lugansk e Kharkov. Foi nesta última cidade que 70 “separatistas”
foram detidos durante a última noite pelas forças especiais ucranianas,
anunciou o ministro do Interior, Arsen Avakov, que desde o início da crise se
encontra no Leste do país.
Algumas dezenas de pessoas entraram no domingo na sede da administração
regional, de onde saíram algumas horas depois após negociações com a polícia. A
AFP conta, no entanto, que durante todo o dia de segunda-feira a situação
continuou tensa, com centenas de opositores às novas autoridades ucranianas
concentrados à porta do edifício. Houve escaramuças com um grupo, mais pequeno,
de pró-europeus, e ao início da noite foram lançados vários cocktails
Molotov que incendiaram alguns gabinetes no rés-do-chão.
Após estes incidentes, a polícia ucraniana lançou “uma operação
antiterrorista que garantiu totalmente a segurança do edifício da administração
local” e 70 pessoas foram detidas sob acusação de “actividades ilegais
relacionadas com separatismo, organização de distúrbios e atentado à saúde de
terceiros”, refere o Ministério do Interior. “Foi lançada uma operação
antiterrorista. O centro da cidade está bloqueado, juntamente com as estações
de metro. Não tenham medo, assim que terminarmos vão reabrir de novo”, escreveu
Avakov na sua página no Facebook.
Um deputado que o acompanha revelou que a operação foi conduzida pelas
forças especiais do Ministério do Interior. “Eles estão prontos a intervir no
Leste para neutralizar os criminosos”, afirma Nikolai Kniajitski, num aviso
claro aos manifestantes, alguns armados, que continuam a ocupar edifícios
públicos em Lugansk e Donetsk.
Nesta última cidade, o grupo que se apoderou da sede do governo regional proclamou
Donetsk uma “república popular” independente da capital Kiev e
anunciou a intenção de realizar um referendo para “a criação de um novo Estado
soberano” no dia 11 de Maio.
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