NATO deve anunciar manobras com os países bálticos e a Polónia na semana que vem
RITA SIZA 19/04/2014
- 14:16
Moscovo justifica medida como
"precaução" por causa da instabilidade do país vizinho. NATO reage com
reforço da presença nos países Bálticos.
O contingente militar
russo destacado para a zona de fronteira com a Ucrânia acaba de ser reforçado
com mais efectivos, numa manobra que o Kremlin justificou como uma “precaução”
por causa da instabilidade do país vizinho.
Moscovo tinha até
agora negado que o seu movimento de tropas para a fronteira tivesse qualquer relação
coma situação no Leste da
Ucrânia, onde grupos separatistas rebeldes continuam a ocupar edifícios
governamentais, num braço-de-ferro com Kiev. Os activistas pró-russos não reconhecem a
legitimidade do governo interino, e exigem a realização de um referendo de
auto-determinação - à semelhança do que sucedeu na Crimeia, entretanto anexada
pela Federação Russa.
Em declarações à
estação de televisão Rússia 1, o porta-voz presidencial, Dimitri Peslov,
admitiu pela primeira vez que os soldados russos não estão envolvidos em exercícios
de treino, como até agora foi
avançado, mas antes estacionados permanentemente. “As nossas forças na região
da fronteira com a Ucrânia foram reforçadas tendo em conta o que está a
acontecer no país. A Ucrânia acaba de passar por um golpe militar, e
naturalmente estamos a tomar medidas de precaução para assegurar a nossa
segurança”, referiu.
Peskov negou
alegações - “completamente erradas” - de que a militarização da fronteira
constitui uma interferência da Rússia nas questões
internas da Ucrânia, e
sublinhou que, como um Estado soberano, o seu país tem o direito de movimentar
as suas tropas dentro do seu próprio território.
Os aliados ocidentais
poderão responder na mesma moeda: segundo avança hoje o jornal norte-americano The Washington Post, a Nato planeia aumentar “substancialmente” a sua
presença nos países do Báltico - “especialmente nas nações que fizeram parte do
império soviético e agora temem ser as próximas na lista do Presidente Vladimir
Putin”, diz o diário - e os Estados Unidos ponderam o envio de soldados para a
Polónia.
Na semana que vem,
devem começar manobras militares da NATO nos países báticos e na Polónia, diz
por sua vez o New
York Times, que se devem prolongar durante duas semanas.
Na cidade de Donetsk,
o centro da cintura industrial ucraniana, a sede do
governo regional, tomada há
duas semanas pelos separatistas pró-russos, continua nas mãos dos rebeldes que
auto-proclamaram uma república popular. “Está tudo na mesma. Temos um padre
ortodoxo cá dentro, e vamos celebrar a Páscoa”, informou à AFP um dos
militantes.
O ministro ucraniano
dos Negócios Estrangeiros, Andrei Deshchitsia, disse à BBC que Kiev decretou uma
trégua na sua operação anti-terrorismo contra os militantes pró-russos, que tem
como objective “proteger a população e regressar à normalidade”. “A operação
foi suspense para assinalar o feriado da Páscoa e a força não será usada”, garantiu.
Os separatistas
rejeitaram um acordo para a solução pacífica da crise, firmado em Genebra pelos
líderes interinos da Ucrânia e representantes da Rússia, Estados Unidos e União
Europeia. O documento prevê o desarmamento das milícias pró-russas e a
desocupação dos edifícios públicos, e promete uma amnistia de todos os crimes
excepto homicídio e uma reforma constitucional para o reforço da autonomia das
províncias.
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