Sanções são
justificadas por situação na Ucrânia
PÚBLICO 28/04/2014-
14:58 (actualizado às 16:48)
Russos visados vêem congelados
bens que possuam nos EUA e não lhes serão concedidos vistos para se deslocarem
ao país. No campo empresarial fica suspensa a exportação para Moscovo de tecnologia
que contribua para reforçar a capacidade militar do país.
Os Estados Unidos e a União
Europeia (UE) aprovaram, esta segunda-feira, sanções à Rússia, incluindo a
dirigentes próximos do Presidente Vladimir Putin, devido à situação na Ucrânia.
No caso norte-americano são
visados sete dirigentes governamentais russos, incluindo dois do círculo
próximo de Putin, e 17 empresas, anunciou a Casa Branca. As sanções europeias
visam 15 pessoas e devem ser publicadas terça-feira no jornal oficial.
Os cidadãos russos vêem
congelados os bens que possuam nos EUA e não lhes serão concedidos vistos para
se deslocarem ao país. No campo empresarial fica suspensa a exportação para a
Rússia de tecnologia que contribua para reforçar a capacidade militar do país e
os activos das companhias no país são também congelados. Os departamentos de
Estado e do Comércio revogarão as licenças existentes sobre a matéria.
Entre os visados pelas sanções norte-americanas estão Igor Sechin,
presidente da petrolífera estatal russa Rosneft, e Sergei Chemezov, que dirige
a Rostec, empresa estatal de produtos de alta tecnologia. São ambos considerados
aliados próximos de Putin. A lista de medidas divulgada pelo Departamento do
Tesouro não menciona explicitamente a Rosneft, em que a britânica BP tem uma
participação de 19,5%, mas o anúncio provocou, segundo a Reuters, uma queda
imediata do valor das acções da empresa.
O vice-primeiro-ministro da Federação da
Rússia, Dmitri Kozak; Viatcheslav Volodine, vice-chefe da administração
presidencial; e Oleg Belavencev, enviado de Putin à Crimeia, são outros nomes
que fazem parte da lista de sanções norte-americana.
Quase em simultâneo com o anúncio
dos EUA, diplomatas da União Europeia disseram à AFP que foi alcançado um
acordo sobre uma lista de 15 nomes ajuntar aos 33 russos e ucranianos que foram
objecto de congelamento
de bens e interdição de vistos aprovadas após a anexação
da Crimeia pela Rússia. A lista foi pré-aprovada na véspera das negociações de
Genebra, de 17 de Abril, mas as sanções não foram imediatamente adoptadas para
não condicionarem o diálogo que levou ao acordo alcançado nesse dia - para o desarmamento
de grupos ilegais e desocupação de edifícios públicos no Leste da Ucrânia -
que, até agora, não produziu resultados.
O Canadá anunciou também sanções
a dois bancos e nove cidadãos russos - a decisão concertada de aplicar sanções
à Rússia foi tomada no final da semana passada pelos países que compõem o G8 (EUA,
Reino Unido, Alemanha, Japão, França, Canadá e Itália).
A Rússia é considerada pelos países ocidentais responsável pela
instabilidade no Leste da Ucrânia, onde pró-russos controlam mais de uma dezena
de cidades e onde esta segunda-feira aumentaram o controlo de edifícios
públicos. Os Estados Unidos invocam explicitamente "a contínua intervenção
ilegal da Rússia na Ucrânia".
"Falta de compreensão"
Numa primeira reacção ao anúncio norte-americano,
o vice-ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Sergei Riabkov, disse,
segundo a agência Interfax, que as sanções “demonstram a total falta de
compreensão” pelos “colegas” de Washington “do que está a acontecer na Ucrânia”
e que a resposta russa terá um "efeito doloroso" em Washington.
Antes mesmo de conhecidas em concreto as sanções, Putin afirmou que o seu
impacto será limitado e que a Rússia está em condições de substituir por
produção própria eventuais importações de material de defesa cuja venda lhe
fosse cancelada.
Do lado norte-americano, as sanções foram consideradas muito leves
pelos republicanos. Bob Corker, que lidera a representação partidária no comité
de relações exteriores, disse que foram uma “palmada na mão” e o seu colega Dan
Coats comentou que não acredita em mudanças no posicionamento russo até que
sejam atingidas entidades como a empresa Gazprom, “que o Kremlin usa para
coagir a Ucrânia e outros vizinhos”.
No final da semana passada, o secretário do Tesouro americano, Jacob Lew,
disse que o objectivo das sanções é “atingir a economia russa provocando os
menores danos possíveis à economia americana e mundial”. O conselheiro adjunto
da segurança nacional dos EUA, Ben Rhodes, declarou que as medidas não
esgotariam as possibilidades de sanções, mantendo-se em aberto hipóteses de medidas que permitissem “aumentar a pressão” em caso
de agravamento da situação no terreno. Também a UE deve manter em aberto a
possibilidade de adopção de sanções de maior envergadura, como um embargo
comercial.
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