Voluntários das "unidades populares de Donetsk" mantêm posições na cidade de Slaviansk
RITA SIZA 18/04/2014 - 12:36
Dirigente da auto-proclamada república popular de Donetsk não reconhece
autoridade ao Governo de Kiev e insiste na realização de um referendo local.
O auto-intitulado líder dos rebeldes separatistas pró-russos de
Donetsk, Denis Pushilin, rejeitou os termos do acordo para o desarmamento e a
retirada dos edifícios governamentais ocupados pelas suas milícias no Leste e
Sudeste da Ucrânia, assinado em Genebra na quinta-feira pelo Governo de Kiev e
representantes da Rússia, Estados
Unidos e União Europeia.
Em declarações aos jornalistas
esta manhã em Donetsk, Denis Pushilin disse que os activistas combatentes
pró-russos que se juntaram à sua causa secessionista não estão comprometidas
nem se sentem obrigados ao acordo, e que as tarefas preparatórias de um
referendo local para a autodeterminação face ao Governo de Kiev prosseguem,
para que a votação possa decorrer na data anunciada de li de Maio.
“[O ministro dos Negócios
Estrangeiros russo] Sergei Lavrov
não assinou nada em nosso nome, mas em nome da Federação Russa”, distinguiu
Pushilin, que integra a cúpula de governo da auto-proclamada república popular
de Donetsk.
Os separatistas
convocaram um
referendo local nos mesmos termos daquele que foi realizado na Crimeia em
Março, e resultou na anexação da península do sul da Ucrânia pela Federação
Russa. Num gesto de abertura negociai para pôr fim à crise no Leste do país, o
Presidente interino Oleksander Turchinov avançou a ideia de um referendo
nacional para a definição do modelo de Estado preferido pela população: uma
república ou uma federação, onde as regiões teriam poderes acrescidos. Mas os
rebeldes não querem uma votação nacional - as sondagens mostram que a
esmagadora maioria dos ucranianos está contra o desmembramento do país.
O acordo firmado na
quinta-feira em Genebra, após seis horas de negociações, prevê a entrega das armas por todos os
“grupos ilegais” que tomaram conta de edifícios governamentais e
administrativos em dez cidades da região de Donetsk e Lugansk, e o fim da
ocupação e das barricadas montadas nesses locais. O Governo de Kiev compromete-se a abranger os
militantes numa amnistia (com a excepção dos acusados por crimes de homicídio)
e a promover um processo de revisão constitucional que abra caminho à
descentralização dos poderes do Estado para as regiões, com transferências de competências nas áreas das
Finanças, Educação e Saúde.
Mas segundo denunciou Denis
Pushilin, as autoridades de Kiev já estão a violar o acordo, ao anunciar que as
tropas ucranianas continuarão na região. “A nossa expectativa era que Kiev não
respeitasse este acordo. Já estamos à espera de uma escalada no conflito”,
antecipou o líder separatista.
Pushilin disse que os seus homens
só abandonarão os edifícios ocupados quando o Governo de Kiev “entregar o poder
que obteve ilegalmente através de um golpe de Estado”.
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