Activista em Lugansk coloca um poster pedindo um referendo sobre a independência
RITA SIZA 18/04/2014 –
18:56 (actualizado às 13:27 de 19/04/2014)
Candidata presidencial foi a até Donetsk defender
a constituição de brigadas de voluntários para combater os militares
pró-russos, que rejeitam os termos do acordo internacional para o
fim da crise no Leste da Ucrânia.
Um dia depois da assinatura de um acordo internacional para uma solução
pacífica da crise militar e política no Leste da Ucrânia, já caíram por
terra as esperanças de normalização das relações entre o Governo de Kiev e
os separatistas pró-russos, que empreenderam uma campanha pela
auto-determinação de Donetsk. “Ninguém assinou nada em nosso nome”, resumiu o
porta-voz dos rebeldes, Denis Pushilin.
Horas depois de os militantes secessionistas terem desafiado os termos do
acordo de desarmamento e desocupação de edifícios governamentais, assinado
na quinta-feira em Genebra pela Ucrânia e representantes da Rússia, Estados
Unidos e União Europeia, a antiga primeira-ministra e candidata à presidência
Iulia Timochenko chegava a Donetsk para apadrinhar a formação da primeira
brigada de voluntários dispostos a defender a Ucrânia da agressão da Rússia.
Amparada por um guarda-costas, Timochenko criticou as manobras russas na
Ucrânia, “que estão a ser planificadas há anos”, e convidou a população a juntar-se ao seu “movimento de resistência” e defesa
do país - que até inclui um plano de reintegração da Crimeia, anexada pela
Rússia em Março, cujos contornos se escusou a divulgar. “Devemos fazer tudo o
que pudermos para acabar com as ditaduras e os regimes totalitários no
espaço pós-soviético”, considerou.
Na capital, o Presidente ucraniano, Oleksander Turchinov, e o
primeiro-ministro, Arseni Iatseniuk, falavam de unidade e reconciliação
nacional numa nova declaração televisiva conjunta. “O Governo ucraniano está
preparado para levar a cabo uma ambiciosa reforma constitucional para
fortalecer os poderes das regiões”, garantiu Iatseniuk, acrescentando que nesse
processo a língua russa será protegida por um estatuto especial.
Mas para assegurar “a paz e a compreensão entre todos os cidadãos ucranianos”
o Governo admite alargar esse estatuto a qualquer outra língua utilizada pela
maioria da população de uma determinada localidade – como o húngaro, romeno ou
eslovaco, que são prevalentes na região oeste da Ucrânia.
Nas cidades ocupadas das províncias de Donetsk e Lugansk, o impasse
continua. Em declarações aos jornalistas, o porta-voz da autoproclamada
"república popular de Donetsk". Denis Pushilin, informou
que os activistas e combatentes que apoiam a autodeterminação da região não se
sentem obrigados a respeitar um acordo internacional que - denunciou - já está
a ser violado pelas autoridades de Kiev com a sua insistência em manter o
Exército ucraniano na região. “Prevejo uma escalada do conflito”, estimou.
Os separatistas, que não reconhecem legitimidade política ao Governo
interino de Kiev, dizem que só aceitarão abandonar os edifícios governamentais
e administrativos ocupados e entregar as armas após a realização de um
referendo de autodeterminação - que convocaram para 11 de Maio.
Também o embaixador da Rússia junto da União Europeia, Vladimir Chizhov,
considerou que o Governo ucraniano “está a fazer uma interpretação errada” do
documento assinado em Genebra, "em particular no aspecto de só se aplicar
às províncias do Leste e do Sul ou às outras regiões que reclamam o
federalismo”. Em declarações à televisão Russia-24, o diplomata observou que o
acordo também é válido para Kiev, e portanto obriga à desocupação da praça da
Independência (Maidan) onde ainda estão concentrados os manifestantes
pró-europeus que forçaram a demissão do Governo do Presidente Viktor
Ianukovich.
Timochenko em contacto com voluntários à resistência armada contra a Rússia no Leste da Ucrânia
Ao centro, de barba escura, Denis Pushilin, líder da auto proclamada república popular de Donestsk
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