Moscovo diz que as forças russas foram inspeccionadas por observadores
internacionai
ALEXANDRE MARTINS 23/03/2014 - 19:11
O comandante da aliança na diz
que Moscovo
pode estar a preparar uma
invasão no Leste da Ucrânia e na região da Transnístria, na Moldova. Rússia
garante que todas as movimentações cumprem os acordos internacionais.
Depois da
Crimeia, a Rússia pode estar a preparar-se para ocupar outras regiões
ucranianas, no Leste do país, mas também a Transnístria, uma pequena república
separatista da Moldova localizada na fronteira sudoeste da Ucrânia. O alerta é
do comandante supremo da NATO na Europa, o general Philip Breedlove, que olha
para Moscovo "muito mais como um adversário do que como um
parceiro".
Numa
conferência organizada pelo think tank
German Marshall Fund, em Bruxelas,
o general norte-americano disse que a dimensão das forças russas na fronteira
com a Ucrânia deixa perceber que a Crimeia poderá não ser a única região
debaixo do radar de Vladimir Putin.
"A força
[russa] que está na fronteira Leste da Ucrânia é muito, muito grande e está
preparada para entrar em acção", disse o líder militar da NATO na Europa.
"Há tropas suficientes na fronteira Leste da Ucrânia para serem enviadas
para a Transnístria, se essa decisão for tomada, e isso é muito preocupante. A
Rússia está a agir muito mais como um adversário do que como um parceiro",
concluiu.
A Transnístria
declarou a independência da Moldova em 1990, mas esse estatuto não é
reconhecido por nenhum Estado-membro das Nações Unidas. É considerada pela
Moldova um território autónomo com estatuto legal especial, mas está sob a influência
da Rússia, que tem no território um forte contingente militar.
Em 2006, as autoridades
locais organizaram um referendo para perguntar aos habitantes da região se
queriam renunciar à declaracão de independência e integrar ou a
Moldova ou a Rússia. Mais de 98% dos eleitores escolheram a integração na
Rússia, mas a Moldova e a União Europeia, bem como a Organização para a Segurança e Cooperação na Europa, não
reconheceram os resultados da consulta popular.
As preocupações
do general Philip Breedlove são partilhadas pelo vice-conselheiro nacional de
Segurança dos Estados Unidos. Tony Blinken. Numa entrevista ao programa
da CNN State ofthe Union, o responsável da Administração Obama
qualificou as movimentações militares russas na fronteira com a Ucrânia
de duas formas: "É provável que a intenção deles seja intimidar os
ucranianos. É possível que estejam a preparar-se para avançar.”
Na eventualidade de este último cenário estar a ser equacionado em Moscovo,
a Casa Branca considera ser "altamente improvável alterar os cálculos da
Rússia e prevenir uma invasão", disse ainda Tony Blinken.
Em resposta às preocupações da NATO e dos Estados Unidos, o vice-ministro
da Defesa russo afirmou que as movimentações ao longo da fronteira com a
Ucrânia estão em conformidade com os acordos internacionais. "O Ministério
da Defesa russo está a cumprir todos os acordos internacionais para a limitação
do número de tropas nas zonas de fronteira com a Ucrânia", disse Anatoli
Antonov, citado pelas agências noticiosas russas.
O mesmo responsável disse que as movimentações foram "verificadas duas
vezes pelos militares ucranianos" e por "grupos de inspectores
internacionais". Anatoli Antonov disse que estiveram na Rússia inspectores
dos EUA, Canadá, Alemanha, França, Suíça, Polónia, Letónia, Estónia e
Finlândia, mas não avançou detalhes sobre a composição dessas missões.
"Os nossos parceiros concluíram que as forças armadas russas não estão
a levar a cabo actividades militares secretas que possam ameaçar a segurança
dos Estados vizinhos", afirmou o vice-ministro da Defesa russo.
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