Viatcheslav Ponomarev, de pé, ladeado pelos observadores da OSCE
JOÃO MANUEL ROCHA
27/04/2014 - 14:08 (actualizado às 17:48)
Um dos representantes da OSCE foi
libertado na tarde deste domingo. Decorrem contactos entre a organização e os
rebeldes pró-russos. Separatistas ocuparam a delegação da televisão ucraniana
em Donetsk.
Os oito observadores
internacionais detidos por pró-russos no Leste da Ucrânia desde sexta-feira foram este domingo
apresentados à imprensa em Slaviansk. Vestidos à civil, aparentavam, e disseram
estar, de boa saúde. Horas depois, um deles foi libertado, por precaução
médica.
Uma porta-voz do grupo pró-russo
que controla Slaviansk disse que o
observador libertado tem nacionalidade sueca e a sua libertação se justifica
por sofrer de diabetes. Questionada sobre se seria o único a ser libertado, Stella Korosheva respondeu,
segundo a Reuters: "Sim".
Na manhã deste domingo, os
observadores da OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação da Europa)
foram apresentados à imprensa e o líder do grupo de oito - inicialmente foi
anunciado que eram sete, a que se somará o tradutor - disse que “todos"
estavam "bem de saúde”. Axel Schneider, coronel alemão, acrescentou que
nenhum sofreu maus-tratos físicos e que recebeu garantias de segurança do líder
separatista local, Viatcheslav Ponomarev.
"Somos representantes da
OSCE, com um estatuto diplomático", disse Schneider. O militar alemão
acrescentou que, quando foram detidos, os observadores estavam a fazer o seu
trabalho, dentro das regras da organização, desarmados.
Os observadores que continuavam
ao fim da tarde detidos pelos separatistas pró-russos são três alemães, um
dinamarquês, um polaco e um checo. Estavam na região no âmbito de uma missão da
OSCE e foram acusados pelos sequestradores de espionagem a favor da Aliança
Atlântica, a NATO. O grupo interceptado por separatistas inclui ainda quatro
militares ucranianos. No sábado foi anunciado que um dos 13 elementos do grupo,
o condutor, foi libertado.
“Desejamos do fundo do nosso
coração voltar aos nossos países tão breve e tão depressa quanto possível”,
declarou Axel Schneider, citado pela Reuters, no encontro com a imprensa
realizada no edifício da administração municipal de Slaviank.
Os observadores, segundo a
descrição das agências noticiosas, entraram na sala onde decorreu o encontro
atrás do líder separatista local, Viatcheslav Ponomarev. A conversa com a
imprensa decorreu na presença de guardas vestidos de camuflado e armados com
espingardas automáticas Kalashikov.
“Na nossa cidade, que está em
guerra, todo o pessoal militar que não tem a nossa autorização [para estar] é
considerado prisioneiro de guerra”, disse, no sábado, Viatcheslav Ponomarev
que, segundo a AFP, rejeitou na mesma altura o uso do termo “refém”. Os
observadores disse, “não são nossos reféns, são nossos convidados".
“Os soldados são reféns da
situação, mas penso que tudo ficará bem. Vamos chegar a alguma forma de
acordo”, afirmou também. O líder separatista de Slaviansk,
uma das cidades do
Leste da Ucrânia controlada por pró-russos, tem feito depender a partida dos
observadores da libertação pelas autoridade ucranianas de militantes da sua
causa.
Ao longo deste domingo têm
decorrido contactos entre uma delegação da OSCE enviada para discutir a libertação
e rebeldes pró-russos. O grupo detido em Slaviansk faz parte de uma missão de
cerca de cem observadores enviados pela OSCE para o Leste da Ucrânia.
A Reuters noticiou entretanto que
separatistas ocuparam a delegação regional da televisão estatal ucraniana na
cidade de Donetsk. "Dizem mentiras, tentam influenciar as pessoas, fazem desinformação", disse um dos homens mascarados que montou guarda à entrada do edifício. Os
pró-russos já controlavam os edifícios da administração central na cidade.
Na segunda-feira prevê-se que os EUA e a União
Europeia imponham sanções à Rússia, a qual responsabilizam pela crise
ucraniana. Obama repetiu este domingo a ideia de que os EUA e a Europa devem
juntar esforços como forma de pressão para levar a Rússia a travar a desestabilização
do leste da Ucrânia. O Presidente dos EUA disse que as autoridades de Moscovo
não só não “levantaram um dedo” para levar os separatistas pró-russos a
desarmarem e a desocuparem edifícios públicos que ocupam como “há fortes provas
de que encorajam as suas actividades” - o que a Rússia sempre tem negado.
Declarações de responsáveis norte-americanos e europeus indicam que as sanções
poderão ser anunciadas nesta segunda-feira.
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