Ianukovitch recebeu Ashton e vai a Sochi falar com
Putin ANDREI MISENKO/REUTERS
PÚBLICO 05/02/2014 -19:42
Governo russo acentua a pressão económica sobre a Ucrânia e adverte-a para
uma mudança na orientação governamental.
O assunto não pode
ser outro que a crise política ucraniana, numa altura em que se espera a
nomeação de um novo governo em Kiev: o Presidente Viktor Ianukovich vai encontrar-se com o chefe de Estado da Rússia, Vladimir Putin, em Sochi, onde se
deslocará para, sexta-feira, assistir à cerimónia de abertura dos Jogos
Olímpicos de Inverno. Ao mesmo tempo, Moscovo acentua a pressão económica sobre
a Ucrânia e advertiu-a para uma mudança na orientação governamental.
"É verdade vão
estar em contacto", disse à agência Interfax Dmitri Peskov, porta-voz de
Putin, confirmando uma informação adiaqtada pelo ministro
ucraniano dos Negócios Estrangeiros, Leonid Kozhara.
Ainda que não haja
prazos para uma decisão sobre um novo Governo - após a demissão do primeiro-ministro Mikola Azarov, na semana passada - admitia-se que Ianukovich quisesse
resolver a questão antes de se deslocar a Sochi. A confirmação do encontro
parece indicar que Ianukovich quer concertar a decisão com o líder russo.
A Rússia tem feito
depender a manutenção de um empréstimo à Ucrânia de 15 mil milhões de dólares
(mais de 11 mil milhões de euros, ao câmbio actual), aprovado em Novembro, da
formação de um Governo do seu agrado. Ontem, voltou a deixá-lo claro: aumentou a
pressão sobre a Ucrânia, admitindo endurecer as exigências de pagamento - e
mesmo de fornecimento - de gás natural, caso o governo de Kiev não cumpra os
acordos entre os dois países.
"Estamos
preocupados com o aumento da dívida do gás...mas esperamos que os nossos
parceiros ucranianos cumpram todas as cláusulas do actual acordo", disse
Peskov à rádio Kommersant-FM.
O entendimento estabelecido em Novembro - depois de
Ianukovich ter denunciado um acordo comercial com a União Europeia, que motivou
protestos de rua de manifestantes pró-europeus, nos dois últimos meses - prevê
ajuda financeira e um desconto de 30% no preço do gás. No final de Janeiro, a
dívida de gás da Ucrânia era de 3,29 mil milhões de dólares (quase 2,9 mil
milhões de euros), segundo informação do grupo Gazprom.
Citado pela AFP,
Peskov fez depender a ajuda económica russa das explicações do futuro chefe do
Governo sobre "até que ponto seguirá a política da equipa anterior".
"Se todos respeitarem à letra os documentos, ninguém terá de modificar o
que quer que seja", disse ainda.
A chefe da diplomacia
da União Europeia, Catherine Ashton, incentivou esta quarta-feira em Kiev a
Ucrânia a "fazer muito mais" para ultrapassar a crise que abala o
país. Ashton disse que a União Europeia está disponível para apoiar reformas e
contribuir para a investigação da violência do mês passado. O apoio à economia
ucraniana não será uma "montanha de dinheiro", disse, após encontros
com Ianukovich e com dirigentes da oposição.
A presidência
ucraniana disse que no encontro com a responsável europeia foi discutida a
reforma constitucional reclamada pelos adversários de Ianukovich. A oposição
quer um regresso imediato à Constituição de 2004, o que implicaria a redução
dos poderes presidenciais. O chefe de Estado defende uma nova redução da lei
fundamental - um processo demorado.
"Devemos
regressar à Constituição de 2004 e em seguida discutir uma nova
Constituição", argumentou no Parlamento um dos líderes da oposição, Vitali
Klitschko. Caso contrário deverão realizar-se eleições antecipadas,
disse ainda, antes de acrescentar que se a decisão não for tomada com rapidez
"haverá uma nova escalada de protestos".
O comissário europeu Stefan Fule anunciou esta quarta-feira que tenciona regressar a Kiev na próxima
semana para continuar as tentativas da União Europeia para "facilitar o
diálogo político e evitar os cenários mais negativos".
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