Instituição de Mario Draghi em conjunto com a Autoridade Bancária Europeia vai conduzir testes de stress aos bancos ralph orlowski/reltters
PÚBLICO e COM LUSA 19/01/2014 -
10:19 (actualizado às 20:26)
Bancos franceses com o maior buraco, seguidos dos
alemães. Portugueses com necessidades que podem ir aos 11 mil milhões.
Os bancos europeus apresentam
necessidades de capital que podem chegar aos 767 mil milhões de euros, calcula
um estudo conduzido por um investigador alemão e um académico norte-americano que tenta antecipar
aquilo que poderão ser as conclusões da análise que o BCE irá fazer à saúde do
sector bancário europeu durante este ano.
"Uma análise
exaustiva sobre a qualidade dos activos da banca europeia deverá revelar uma
falta de capital substancial em muitos países periféricos e do centro da
Europa", escrevem os autores, que analisaram 109 dos 124 bancos da Zona
Euro que vão ser analisados nos exames do BCE, antes de a entidade lidarada por
Mario Draghi assumir a sua supervisão.
Os bancos franceses têm o maior buraco (até 285 mil milhões de euros),
seguidos pelos bancos alemães (até 199 mil milhões de euros), revelam as
conclusões do estudo de Sascha Steffen, da Escola Europeia de Gestão e
Tecnologia, em Berlim, e de Virai Acharya, da Universidade de Nova Iorque,
segundo a agência de informação financeira Bloomberg, cujos cálculos são feitos assumindo, no caso mais exigente, um rácio de
capital de 7%, num cenário de elevado stress, incluindo uma nova crise no
sistema financeiro internacional.
Os autores apontam para um risco especialmente elevado nos bancos alemães
detidos pelo Estado (Landesbanken). "A Alemanha tem muitas instituições
financeiras estatais que vão necessitar de injecções de capital",
advertem. Já os bancos espanhóis têm insuficiências calculadas em 92 mil
milhões de euros, enquanto os bancos italianos precisam de cerca de 45 mil
milhões de euros para fazer face aos rácios de capital que as novas regras para
a banca europeia exigem.
No caso de Portugal, os autores apontam para necessidades de reforço de
capital que podem ir, no caso mais exigente, até aos 11.445 milhões de euros.
Necessidade de aumentar capital
Além de anteciparem a necessidade de serem feitos aumentos de capital
significativos e a transformação de dívida em capital (em prejuízo dos
credores), os autores dizem que, nalguns casos, será inevitável o recurso a
ajudas estatais para fazer face à falta de capital das instituições financeiras
analisadas.
Os autores referem neste capítulo a posição especialmente frágil dos bancos
na Bélgica, em Chipre e na Grécia, sem que seja feita aqui uma referência ao
caso de Portugal.
Quer os banqueiros portugueses, quer o governador do Banco de Portugal,
Carlos Costa, já vieram a público várias vezes garantir que as instituições
estão bem capitalizadas e que não deverão necessitar de novas ajudas estatais,
uma vez que, desde que se iniciou o programa de assistência internacional a
Portugal, já se recapitalizaram significativamente, ao contrário da maioria dos
seus congéneres europeus.
Durante este ano, o BCE juntamente com a Autoridade Bancária Europeia (EBA,
na sigla inglesa) vão conduzir testes de stress às 124 instituições em
causa, bem como uma avaliação das suas carteiras de dívida pública.
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