SOFIA LORENA 09/02/2014
- 21:51
Ministro das Finanças alemão defende que o “sim” suíço reflecte “um
mal-estar” que “deve ser levado a sério”.
Entre os primeiros a reagir à vitória do “sim” no referendo suíço que prevê
a imposição de limites à imigração incluem-se responsáveis de
diferentes partidos populistas e de extrema-direita europeus. A confirmar o que
o presidente do Parlamento Europeu, o alemão Martin Schulz, dissera antes do voto numa entrevista ao jornal suíço NZZ am Sonntag :“Temo que um ‘sim’ na Suíça provoque um regresso do debate
sobre a livre circulação de pessoas na União Europeia”.
O líder dos populistas britânicos do UKIP (Partido da Independência), Nigel
Farage, celebrou uma “notícia maravilhosa para os amantes da liberdade e da
soberania nacional na Europa”. Para o responsável do partido anti-imigração, que nas eleições locais do ano passado
teve um grande crescimento e obteve 25% dos votos, “a imigração em massa na
Europa é um grande problema e fonte de grande preocupação porque faz baixar os
salários, pressiona os sistemas sociais e dá às pessoas a impressão de serem
estrangeiras no seu próprio país”.
Na Áustria, o dirigente do partido de extrema-direita FPÃ, Heinz Christian
Strache, falou num “grande sucesso” e defendeu que se lhes fosse dada a
oportunidade, a maioria das pessoas do seu país também se pronunciariam a favor
de uma limitação na imigração.
Para a Frente Nacional, o referendo suíço “marca uma viragem positiva
contra o dogma destruidorda abertura das fronteiras”. “Trata-se igualmente de
uma vitória clara do povo suíço contra as suas elites, a tecnoestrutura da União
Europeia e os bem pensantes que não poupam nenhum país da Europa”, diz a líder
do maior partido da extrema-direita francesa, Marine Le Pen, que saudou “a
lucidez do povo suíço”.
“Esta vitória reforçará os franceses na sua vontade de travar a imigração
em massa e de recuperar o controlo das suas fronteiras face à União Europeia”,
diz Le Pen, criticando “as velhas democracias esclerosadas que não ousam nunca
dar a palavra ao povo” e reafirmando a sua vontade de ver realizado em França “um
verdadeiro referendo de iniciativa popular”.
Em Itália, foi o partido nacionalista e xenófobo da Liga Norte a festejar. “Aqui,
já não há lugar nem trabalho para os imigrantes, é preciso dar prioridade aos
nossos milhões de desempregados, aos reformados sem direitos e aos jovens”,
disse Massimo Bitonci, chefe da Liga no Senado.
O actual líder do partido, Matteo Salvini, anunciou no Twitter que pretende
reclamar um referendo idêntico ao suíço em Itália, uma ambição com poucas hipóteses
de sucesso - por um lado, o partido não representa hoje mais do que 4% dos
eleitores, por outro, tal como acontece na generalidade dos países, é muito
mais difícil convocar um referendo em Itália do que na Suíça.
Num comentário aos resultados, o ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schãuble
disse que estes “mostram que no mundo da mundialização, as pessoas sentem um
mal-estar grande face à liberdade completa de instalação” das pessoas. “Creio
que devemos todos levar isto a sério.”
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