Powered By Blogger

sábado, 24 de janeiro de 2015

Como vai funcionar o programa alargado de compra de dívida

A ESTRATÉGIA  DE FRANKURT
Rui Barroso e Luís Reis Pires  rui.barroso@economico.pt
24 de Janeiro de 2015
Política monetária Até, pelo menos Setembro de 2016, o Eurosistema comprará activos no valor de 60 mil milhões por mês. 
BCE vai partilhar 20% do risco da compra com bancos centrais.

Numa decisão antecipada pelo mercado, o BCE não desiludiu.
Anunciou umamedida de choque, conhecida como a bazuca dos bancos centrais, que consiste na compra de dívida pública. 
Estas aquisições juntar-se-ão a programas de compras de dívida titularizada e de obrigações cobertas que o banco central já tinha em curso.
No total, as aquisições por parte do Eurosistema serão, a partir de Março, de 60 mil milhões de euros por mês. 
O programa irá durar até, pelomenos, Setembro de 2016.

COMO VAI O BCE FAZER AS AQUISIÇÕES DE ACTIVOS?
As compras de dívida soberana serão feitas pelos bancos centrais de cada país. Apesar disso, 20% do total das compras terá um risco partilhado pelos bancos centrais da zona euro no caso de eventuais perdas.

QUE TÍTULOS PODERÃO SER COMPRADOS PELO BANCO CENTRAL?
Os bancos centrais poderão comprar obrigações soberanas com maturidade de entre dois a 30 anos. 
À partida, os títulos a serem alvo do programa terão de ter um ‘rating’ de grau de investimento.
Portugal tem esse estatuto junto da DBRS, uma agência que é seguida pelo BCE, apesar de ainda não estar naquele nível junto da S&P,Moody’s e Fitch. 
No entanto, dívida de países que não tenham esses ‘ratings’ e que estejam sob programas de ajustamento também podem ser incluídos, como é o caso da Grécia. Além disto, o BCE irá incluir nas compras obrigações com taxas negativas, como acontece na dívida de países como a Alemanha, por exemplo. 
Ao comprar dívida a taxas negativas, o Eurosistema estará a pagar para deter esses títulos.

GRÉCIADe Fora até Julhoo BCE já tem dívida grega num volume que esgota as fronteiras definidas ontem por Dragui (o banco não pode comprar mais de 33% da dívida emitida pelo Estado)Assim, a Grécia só poderá vir a ser incluída no programa de compras em Julho, quando amortizar obrigações que são detidas pelo BCE.Até Julho a situação política grega deverá estar definida - o país só beneficirá das compras se aceitar um novo programa

COMO SERÃO DIVIDIDAS, POR TIPO DE ACTIVOS, AS COMPRAS DO BCE?
Antes de anunciar ontem o programa alargado de compras, o BCE já tinha em marcha um programa de aquisição de dívida titularizada e de obrigações cobertas no valor de dez mil milhões de euros por mês. 
A partir de Março, este ritmo aumentará para 60 mil milhões de euros por mês. 
No entanto, Mario Draghi não clarificou qual o peso que será dado à dívida pública e à dívida privada no programa de compras.

HÁ ALGUM LIMITE AO VALOR DE DÍVIDA DE UM PAÍS QUE O EUROSISTEMA PODE COMPRAR?
A proporção das compras por país dependerá da quota que cada um tem no capital do BCE. 
Portugal tem uma quota de 2,48% pelo que poderá beneficiar de compras no valor de 1,48 mil milhões por mês e de 28,3 mil milhões no total do programa, que abrange dívida pública e privada. 
No entanto, a estes valores deverá ser descontado o montante que o BCE detém em obrigações portuguesas compradas no pico da crise de dívida, que se situa entre dez mil milhões e 12 mil milhões de euros.
Mas à medida que esta dívida for vencendo, o BCE permitirá alargar o ritmo de compras até aos limites do programa. 
Para preservar a formação de preços nomercado, o Eurosistema não poderá comprar mais de 33% dos títulos de dívida de determinado país nem absorver mais de 25% de uma das emissões de dívida.

QUAIS OS OBJECTIVOS DO BCE COM O PROGRAMA ALARGADO DE COMPRA DE ACTIVOS?
Draghi justificou a colocação da artilharia pesada na linha da frente da política monetária da zona euro devido às expectativas de inflação mais baixas que o esperado, apesar das últimas medidas que já tinham sido tomadas pelo BCE. 
Com este programa, o banco central tenta aumentar a capacidade dos bancos em concederem crédito. 
Isto é, o BCE vai ao mercado e fica com títulos que são detidos pelo sistema financeiro.
Libertando esses títulos dos bancos, o BCE espera que o sistema financeiro canalize essa liquidez extra para a concessão de crédito de forma a haver mais investimento e crescimento, que se traduziria numa subida dos preços. 
O objectivo do BCE é que no médio prazo a inflação se situe abaixo mas próxima de 2%.

O NOVO PROGRAMA DO BCE SERÁ SUFICIENTE PARA ATINGIR OS OBJECTIVOS PRETENDIDOS?
Draghi referiu que os indicadores da inflação serão seguidos de perto e admitiu que o programa continuasse para lá de Setembro de 2016. 
E reconheceu que apesar do BCE poder ajudar à recuperação da economia europeia, o crescimento sustentado apenas seria conseguido se os governos fizessem reformas estruturais que fomentem o crescimento. 
A maior parte dos bancos de investimento também defende que para ter impactos significativos na economia real, o programa do BCE deve ter o apoio de reformas estruturais por parte dos países europeus. ■

Sem comentários:

Enviar um comentário