Hollande e Merkel dizem que o adiamento das presidenciais desestabilizará
ainda mais a Ucrânia alaín
PUBLICO 10/05/2014 -
12:08
Paris e Berlim
endurecem discurso contra Moscovo, mas
pedem também a Kiev a
suspensão das “acções ofensivas" no Leste da Ucrânia.
A chanceler alemã e o Presidente francês avisaram que a
Rússia vai sofrer “consequências apropriadas” se as suas acções na Ucrânia
impedirem a realização das eleições presidenciais, a 25 de Maio. Angela Merkel
e François Hollande reafirmaram que os referendos que os separatistas agendaram
para este domingo não têm qualquer legitimidade.
O alerta – na senda de muitos outros enviados a Moscovo
pelos europeus desde o início da crise na Ucrânia – está escrito num comunicado
divulgado em Stralsund, cidade numa ilha do Báltico onde Merkel recebe neste fim-de-semana o Presidente francês
numa visita que os dois Governos descrevem como informal.
“O fracasso na realização de eleições presidenciais
reconhecidas internacionalmente desestabilizará ainda mais o país. A Alemanha e
a França estão de acordo que, se isso acontecer, então terão de ser adoptadas
as consequências apropriadas que foram delineadas na reunião do Conselho
Europeu de 6 de Março”.
Mesmo sem a nomear, os dois dirigentes deixam claro que
cabe à Rússia impedir acções de desestabilização que poderiam levar à suspensão
das eleições numa parte do país - na reunião a que o comunicado se refere, os
líderes da UE acordaram adoptar sanções de terceiro nível (medidas que visam
sobretudo a economia russa) se Moscovo interviesse no Leste da Ucrânia, onde a
maioria da população fala russo e mantém fortes ligações ao país vizinho.~
Inicialmente as sanções estavam reservadas para o caso de
uma invasão do território ucraniano por parte do Exército russo. Mas Paris e
Berlim fazem agora saber que estão disponíveis para avançar se as acções dos
grupos pró-russos impedirem as presidenciais, vistas como uma etapa crucial
para estabilizar o país, em convulsão desde que manifestantes pró-ocidentais
saíram às ruas em Novembro para denunciar a decisão do então Presidente Viktor
Ianukovich de não assinar um acordo que aproximaria o país da UE.
Os dois dirigentes exigem ainda ao Presidente russo que
ordene uma “retirada visível” das suas forças da fronteira com a Ucrânia. Na
semana passada, Vladimir Putin disse ter dado ordens para a redução dos
efectivos na zona, mas a NATO (que mantém a zona sob vigilância constante)
afirmou não ter constatado qualquer movimentação significativa.
Mas a lista de obrigações não se resume à Rússia: no
comunicado, Merkel e Hollande aconselham o governo interino da Ucrânia a “abster-se de acções ofensivas”
no Leste da Ucrânia, de maioria russófona. “O uso legítimo da força para
proteger pessoas e infra-estruturas deve ser proporcional”, acrescentam. Na semana passada,
Kiev pôs em marcha o que chama de “operação antiterroristas” contra os
separatistas armados que ocuparam dezenas de edifícios nas regiões de Donetsk e
Lugansk, autoproclamando-as “repúblicas autónomas”.
É precisamente aí que, neste domingo, os separatistas se
propõem organizar um referendo para decidir sobre a cisão com Kiev, cujo
governo não reconhecem, ainda que sejam pouco claros os moldes e a forma como a
consulta vai ser organizada - em muitas cidades não controlam mais do que um
punhado de edifício públicos. Estes referendos, lê-se
no comunicado
conjunto de Stralsund, “são ilegais” e não serão reconhecidos
internacionalmente.
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