LEONID TRETIAK e VALERIYA NASTASHENKO 16/05/2014 - 06:01
Ucrânia não deve ser deixada sozinha face à
agressão
Após a anexação da Crimeia,
o Kremlin passou à segunda fase da guerra na Ucrânia, começando a operação
secreta nas regiões do Leste do país e seguindo o mesmo guião que tinha sido
aplicado na Crimeia.
O que prevê, em
primeiro lugar, deslocação das forças militares profissionais e dos mercenários
no território da Ucrânia, em segundo, suborno dos radicais locais e criminosos
para que os mesmos posem como “as forças pró-russas” e, em terceiro, tentativas
de fazer pensar que o tumulto vem da população. Mas a realidade é absolutamente
outra. Ao contrário da Euromaidan em Kiev entre Dezembro e Fevereiro, o que se
passa agora não é uma revolta interna, mas uma agressão plenamente estrangeira
contra a Ucrânia.
Há provas
substanciais de deslocação dos “grupos de operações especiais” na Ucrânia, mas
não há ucranianos neles. Os grupos compõem-se de mercenários profissionais
russos a travarem uma guerra no território da Ucrânia. Alguns deles têm sido
reconhecidos das acções na Crimeia, alguns são parecidos com os da Geórgia-2008. Sabotadores de
nacionalidade russa têm sido detectados em todo o país. Isto e outros factores,
incluindo a transmissão de rádio interceptada, confirmam o facto de que os
invasores são estrangeiros.
A Ucrânia está a
lutar, não podendo permitir que as UNIDADES DE OPERAÇÕES
ESPECIAIS EQUIPADAS PELAS Rússia, pagas pela Rússia e deslocadas pela Rússia e espalhem
o medo de estrangeiros em uniforme verde a obrigação directa do Governo da
Ucrânia é pará-los e proteger o seu próprio povo. Ao fazê-lo,
o Governo tem direito
de contar com o apoio da comunidade internacional.
A Rússia acha que
encontrou um meio infalível de conduzir uma guerra, sem chamar as coisas pelos
seus nomes e por negar categoricamente a verdade. Mas a mentira é a mentira, e
a agressão é a agressão, e não importa como a Rússia chama a isso e quanto fumo
faz a propaganda russa. O mundo deve saber isso. As provas estão em todo o
lado.
No dia 13 de Abril, a
Rússia convocou a reunião do Conselho de Segurança da ONU para “expressar a
preocupação” pela situação criada, na realidade, por ela própria. É notável que
a Rússia não tenha convocado nenhuma reunião do Conselho de Segurança quando
milhares de pessoas foram assassinadas na Tchetchénia. Mas, desta vez, a Rússia
diz que “está preocupada”. Ora bem, se ela estiver, há três passos para
resolver o problema:
(1) parar o que a
Rússia tem feito na Ucrânia nos últimos dois meses;
(2) começar
imediatamente um processo de resolução;
(3) voltar às
negociações e às relações bilaterais dentro dos limites do direito
internacional.
Neste caso é
necessário lembrar que as acções do Governo russo põem em perigo não só a
integridade territorial da Ucrânia, mas a segurança da região europeia inteira.
Ao ajudar a Ucrânia a resistir à agressão e manter a independência nacional, a
Comunidade Europeia protege assim os valores europeus, tomando em conta o risco
directo de o Kremlin continuar a realizar as suas ambições imperiais por via da
anexação dos territórios adjacentes dos países vizinhos.
A Ucrânia não deve
ser deixada sozinha face à agressão.
Apenas os esforços
unidos da comunidade internacional inteira ajudarão a evitar uma crise militar
de grande escalda, a qual pode destruir os resultados democráticos já alcançados
pela humanidade durante os últimos 70 anos posteriores à Segunda Guerra
Mundial.
Nesse contexto, os
ucranianos apreciam o apoio consistente da parte portuguesa à manutenção da
integridade territorial da Ucrânia.
Encarregado de Negócios da Ucrânia
e terceira- secretária da Embaixada da Ucrânia em Portugal
(conforme os materiais enviados
pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia)
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