Batalhão pró-russo numa estrada
que liga duas cidades do Leste
PÚBLICO
16/05/2014 - 14:24
Relatório da ONU enumera violações de direitos humanos, em grande parte da responsabilidade de grupos anti-Kiev.
Há uma “alarmante deterioração” da situação dos direitos
humanos no Leste da Ucrânia, concluiu uma equipa de monitores da ONU. A região,
parcialmente controlada por forças pró-russas, tem sido cenário de “inúmeros
assassínios, casos de tortura, espancamentos, raptos, actos de intimidação e
alguns casos de assédio sexual, na maioria realizados por parte de grupos
antigovernamentais bem organizados e bem armados no Leste do país”.
O documento, que cobre todo o mês de Abril até 6 de Maio,
fala de um “aumento inquietante de raptos e detenções ilegais de jornalistas [que são ameaçados em
permanência], activistas, políticos locais, representantes de ONG e militares”.
Alguns dos detidos acabam por ser libertados, mas “os cadáveres de outros foram
despejados em rios, um problema particularmente notado na cidade de Slaviansk [bastião dos pro-russos]
e seus arredores”.
A equipa de 36 monitores do Alto Comissariado das Nações
Unidas para os Direitos Humanos também esteve na Crimeia, a península que a
Rússia anexou após um referendo não reconhecido pela ONU e realizado em Março,
logo depois da mudança de poder em Kiev - quando a oposição tomou o poder,
depois de meses de protestos e da fuga do Presidente, Viktor Ianukovich,
que em Fevereiro se refugiou na Rússia.
Na Crimeia, escrevem os enviados no seu relatório, os
tártaros são vítimas de “assédio” e “perseguições”, enfrentando entraves à sua
liberdade de movimento e à prática religiosa: esta minoria da península tem
origem turca e religião maioritariamente muçulmana. “Mais de 7200 pessoas originárias da Crimeia - tártaros, na sua maioria - tornaram-se deslocados internos noutras
partes do país.” Para além das minorias religiosas, étnicas e sexuais, as
principais vitimas das perseguições em curso na região são os jornalistas,
doentes de SIDA.
O documento refere “desenvolvimentos alarmantes” depois
do acordo entre Moscovo e as autoridades da península que estipula que os
cidadãos da Ucrânia e as pessoas sem nacionalidade que residam de forma
permanente na Crimeia devem ser reconhecidos como cidadãos da Federação Russa.
Quem ainda não pediu cidadania russa também está a ser alvo de assédio e
intimidação. Está previsto que quem não obtenha o direito de residência até
Janeiro de 2015 seja deportado da península.
A Rússia reagiu ao relatório denunciando contradições e
uma “falta total de objectividade”. Trata-se, diz Moscovo, de “uma encomenda
política para branquear as autoproclamadas autoridades de Kiev”. O texto também
descreve casos em que as tropas regulares ucranianas a operar no Leste “foram
acusadas de matar pessoas e de responsabilidade em desaparecimentos forçados”.
Os monitores estão a tentar verificar estas denúncias.
“Os que têm influência junto dos grupos armados por muita
da violência no Leste da Ucrânia têm de fazer tudo o que puderem para controlar
estes homens que parecem decididos a despedaçar o país”, pede a Alta Comissária
para os Direitos Humanos, Navi Pillay.
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