Os
manifestantes deitaram abaixo os portões e entraram na sede da polícia
PÚBLICO 04/05/2014-
14:49
Mil a dois mil activistas pró-russos atacaram a sede da
polícia em Odessa, uma cidade no Sul da Ucrânia, junto ao Mar Negro, e começaram
a libertar os seus camaradas que lá estavam detidos, após a violência de
sexta-feira em que morreram pelo menos 46 pessoas.
“Estão ali a exigir que libertemos os prisioneiros”,
disse à Reuters um porta-voz da polícia regional. Cerca de 170 pessoas
foram detidas após os confrontos de sexta-feira, mas 50
foram entretanto libertadas, precisou.
Um primeiro portão foi deitado abaixo com dois camiões,
relata a AFP. Os manifestantes, armados de matracas, reclamam a libertação dos
pró-russos que atacaram os manifestantes a favor da unidade da Kiev. Estes
ripostaram violentamente, cercando o edifício onde se tinham barricado os
activistas pela separação do Leste da Ucrânia do resto do país, e o edifício
ardeu.
Supõe-se que a origem do incêndio tenha
sido criminosa - mas ambos os lados usavam cocktails Molotov e outros explosivos.
Catherine Ashton, a chefe da diplomacia europeia, apelou
a que se realizasse uma investigação independente sobre a violência de Odessa,
da qual Moscovo culpa as autoridades de Kiev e Kiev culpa Moscovo.
O confronto aconteceu num dia em que decorria um jogo de
futebol do campeonato ucraniano em Odessa. Como de costume, os apoiantes da equipa visitante -
o Metalist, de Kharkov - e os do clube local, o Tchornomorets - reuniram-se no centro da cidade
ao início da tarde, para desfilar, em cortejo, até ao estádio, relata a AFP.
"Não estava prevista nenhuma manifestação, não fomos
nós que estivemos na origem disto", disse à agência noticiosa francesa
Natalia Petropavlovska, uma das responsáveis do movimento Pró-Maidan
(proeuropeu) nesta grande cidade portuária ucraniana. "Foram apoiantes, jovens. Neste país os
jovens apoiam naturalmente mais uma Ucrânia unida do que a Rússia",
acrescentou.
No desfile via-se muito o azul e o amarelo, cores
da bandeira da Ucrânia mas também da equipa do Metalist. O cortejo foi atacado
numa grande avenida por centenas de manifestantes pró-russos, bem armados, de
rosto tapado. Pelo menos quatro pessoas foram mortas por balas e uma dezena
feridos. Oleg Konstantinov foi um dos feridos: "Quando comecei a ouvir
tiros, pensei logo que deviam ser armas de fogo. Fui ferido num braço e, quando
os meus amigos me estavam a tirar de lá, ainda fui atingido numa perna e outra
vez num braço”, contou à AFP, deitado numa cama do Hospital Judeu de Odessa
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