Os boletins de voto das presidenciais estão a ser impressos
SARA BARATA 14/05/2014 - 18:44
Preparação das eleições
presidenciais ucranianas continua, ainda que não devam abranger todo o país.
Abriram-se negociações em Kiev, que juntaram
ministros, ex-presidentes, líderes de partidos
políticos, empresários, líderes do poder local, candidatos às eleições
presidenciais de 25 de Maio, bem como o primeiro-ministro e o Presidente da
República interinos. O objectivo era encontrar métodos de descentralizar o
Estado, de forma a conceder uma maior autonomia às regiões. Mas fora da
discussão ficaram os separatistas do Leste da Ucrânia, que declararam a
independência - o verdadeiro motivo pelo qual se estava a realizar esta reunião.
“Estou
surpreendido por não ver aqui ninguém de Lugansk”, comentou Oleksandr Iefremov,
deputado e ex-governador de Lugansk, uma das regiões do
Leste do país, junto com
Donetsk, que declarou a independência, após o referendo de domingo
sobre a autogovernação. “Temos pessoas que pensam de forma diferente, que têm
culturas diferentes, e temos a responsabilidade de criar um Estado que
corresponda às necessidades do nosso povo”, afirmou Iefremov, citado pelo New York Times.
“Estamos prontos a
escutar as pessoas do Leste. Mas não é preciso disparar, pilhar e ocupar os
edifícios administrativos”, afirmou Oleksandr Tourchinov, Presidente interino,
ao inaugurar a mesa redonda. Os separatistas não foram convidados, disse. “Os
que, de armas na mão, se entregam a uma guerra contra o seu próprio país, que
nos impõem a vontade do país vizinho, responderão perante a lei. Nós não
cederemos à chantagem.”
Esta posição não
mostra grande disposição para um compromisso por parte do Governo interino,
quando se aproximam as eleições presidenciais de 25 de Maio - cuja realização é
considerada prioritária pela União Europeia. Ainda que os aliados ocidentais
gostassem de ver Kiev entrar pela via da negociação - a chanceler alemã Angela Merkel
tinha considerado que quantos mais representantes das várias posições da
sociedade ucraniana estivessem representadas nesta reunião, melhor seria,
salienta a Reuters.
A situação pode estar
a deteriorar-se também em Kiev, com o Partido das Regiões, a que pertencia o
Presidente deposto Viktor Ianulcovich, a tornar-se
cada vez mais crítico
da intervenção do Exército ucraniano no Leste do país que, afirma, está apenas
a inflamar ainda mais a crise. Numa declaração lida na mesa-redonda,
o partido pediu que
se “parasse com o banho de sangue”.
Numa altura em que a
Ucrânia está sob a ameaça de partição, a União Europeia sublinha a necessidade
de as eleições presidenciais de 25 de Maio se realizem com normalidade. Paris e
Berlim disseram-no num comunicado conjunto, após a participação do ministro dos
Negócios Estrangeiros alemão, Frank-Walter Steinmeier, no conselho de ministros
francês - uma estreia absoluta. Mas é bastante provável que a votação não
decorra em todo o território, porque Kiev não controla todo o país.
Nem sequer os media ucranianos
funcionam já nos territórios do Leste - tal como aconteceu na Crimeia, as
frequências de rádio e televisão foram ocupadas por medias russos, relata a
AFP. As próprias estações foram ocupadas por homens armados e passaram a
transmitir programação dos meios de comunicação russos.
Enquanto isto se
passa, o ministro dos Negócios Estrangeiros de Moscovo, Sergei Lavrov, continua
a dizer que a “Ucrânia está à beira de uma guerra civil, com ucranianos a matar
ucranianos”. O presidente do Parlamento, Sergei Narishkin, contribuiu para a
refrega afirmado que o Presidente que for eleito a 25 de Maio não será
completamente legítimo, relata a Reuters. “O grau de legitimidade do regime ou
do Presidente eleito, se as eleições se realizarem, não será total”, afirmou na
televisão Rossia-24.
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