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quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Manifestantes desocupam edifícios do Ministério da Justiça em Kiev

PÚBLICO  27/01/2014 – 08:21

Críticas do Governo e até da própria oposição levam grupo a deixar ministério mas continuam a ocupar a entrada. Ministra tinha ameaçado pedir instauração do estado de emergência caso o edifício permanecesse ocupado.

Um dia depois de ter invadido as instalações do Ministério da Justiça da Ucrânia, no centro de Kiev, um grupo de manifestantes abandonou na tarde de segunda-feira o edifício, no centro de Kiev, mas prometeu voltar a tomá-lo caso o Presidente, Viktor Ianukovitch, não aceder às reivindicações da oposição durante a sessão parlamentar extraordinária, marcada para terça-feira. Os manifestantes continuam a bloquear o acesso ao edifício, relata a AFP.

Dezenas de manifestantes do grupo "Causa Comum" tinham invadido no domingo à noite, sem resistência, o edifício do Ministério da Justiça da Ucrânia, no centro de Kiev. A ministra Olena Lukash avisou que iria pedir a instauração do estado de emergência, se o edifício não fosse desocupado. Lukash é um dos membros do Governo que tem negociado com os dirigentes da oposição nos últimos dias.

“Se os manifestantes não saírem do edifício do ministério da Justiça ... vou pedir ao Conselho de Defesa e Segurança Nacional da Ucrânia para impor o estado de emergência”, disse ao canal Inter TV.

Nenhum elemento das forças de ordem estava no edifício, situado a poucos metros da área ocupada manifestante encapuçado, disse à Agência que no local estavam apenas três vigilantes que não opuseram resistência. Os vidros do rés-do-chão foram partidos e a placa com o nome do ministério foi retirada.

“A tomada do ministério da Justiça é um acto simbólico do povo revoltado. Agora, estas autoridades estão sem justiça”, disse um dos manifestantes aos repórteres.

Logo após terem tomado o controlo do edifício de quatro andares, os manifestantes começaram a colocar à sua volta barreiras erguidas com contentores de lixo e sacos com neve. O único polícia que um repórter da BBC encontrou nas redondezas estava a fechar uma estação de metro. Informado do que aconteceu suspirou, virou os olhos e disse: “Já nada nos surpreende”.

A saída dos manifestantes do interior do ministério aconteceu depois de críticas vindas da própria oposição. "Este tipo de acções pode levar à guerra", avisou o deputado do Svoboda, Iuri Sirotiuk, citado pela Kyiv Post.

A ocupação foi levada a cabo pelo grupo "Causa Comum", que tem promovido acções do mesmo género na capital ucraniana. Depois da evacuação do ministério, o líder do grupo, Oleksandr Daniliuk, avisou que, se as reivindicações da oposição - que passam pela marcação de eleições presidenciais e parlamentares, a revogação das leis anti-protesto e a libertação de presos políticos - não forem cumpridas na sessão parlamentar de terça-feira, os manifestantes vão "invadir todos os edifícios administrativos."

O cadáver de um homem de 55 anos foi encontrado durante a manhã de segunda-feira, suspenso da estrutura da árvore de Natal que se encontra na polícia informou que o corpo não tinha qualquer indício de ferimentos exteriores e que está a ser examinado para se determinar a causa da morte

Oposição intensifica pressão
A capital da Ucrânia é, desde há mais de dois meses, palco de confrontos cada vez mais violentos entre manifestantes pró-europeus, que contestam a aproximação à Rússia, e forças de segurança. Os protestos têm vindo a alargar-se a uma dezena de cidades, onde manifestantes ocuparam edifícios públicos, e chegaram ao Leste, zona de influência russa e forte apoio a Ianukovich.

O fim-de-semana foi de reviravoltas políticas. A oposição intensificou a pressão, numa nova prova de força de consequências imprevisíveis, ao dizer não à oferta de partilha do poder feita por Ianukovich, reclamando eleições presidenciais antecipadas e anunciando a intenção de prosseguir a contestação.

Num comunicado conjunto, revelado nesta segunda-feira pela rádio Free Europe, a oposição - constituída pelos partidos Udar, Svoboda (Liberdade) e Batkivschina (Pátria) - afirmou estar disposta a continuar as conversações com Ianukovitch, apesar de "uma tentativa das autoridades para abandonar as negociações e declarar o estado de emergência."

A União Europeia apelou esta segunda-feira à manutenção do diálogo e pediu à oposição para que não se solidarize com os manifestantes que recorrem à violência.


Na semana passada, o parlamento da república autónoma da Crimeia, acérrimo apoiante do Presidente Viktor Ianukovich, apelou à instauração do estado de emergência.

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