PÚBLICO 27/01/2014 – 08:21
Críticas do Governo e até da
própria oposição levam grupo a deixar ministério mas continuam a ocupar a
entrada. Ministra tinha ameaçado pedir instauração do estado de emergência caso
o edifício permanecesse ocupado.
Um dia depois de ter invadido as instalações do
Ministério da Justiça da Ucrânia, no centro de Kiev, um grupo de manifestantes
abandonou na tarde de segunda-feira o edifício, no centro de Kiev, mas prometeu
voltar a tomá-lo caso o Presidente,
Viktor Ianukovitch, não aceder às reivindicações da oposição durante a sessão
parlamentar extraordinária, marcada para terça-feira. Os manifestantes
continuam a bloquear o acesso ao edifício, relata a AFP.
Dezenas de manifestantes do grupo "Causa Comum"
tinham invadido no domingo à noite, sem resistência, o edifício do Ministério
da Justiça da Ucrânia, no centro de Kiev. A ministra Olena Lukash avisou que
iria pedir a instauração do estado de emergência, se o edifício não fosse
desocupado. Lukash é um dos membros do Governo que tem negociado com os
dirigentes da oposição nos últimos dias.
“Se os manifestantes não saírem do edifício do ministério
da Justiça ... vou pedir ao Conselho de Defesa e Segurança Nacional da Ucrânia
para impor o estado de emergência”, disse ao canal Inter TV.
Nenhum elemento das forças de ordem estava no edifício,
situado a poucos metros da área ocupada manifestante encapuçado, disse à Agência
que no local estavam apenas três
vigilantes que não opuseram resistência. Os vidros do rés-do-chão foram
partidos e a placa com o nome do ministério foi retirada.
“A tomada do ministério da Justiça é um acto simbólico do
povo revoltado. Agora, estas autoridades estão sem justiça”, disse um dos
manifestantes aos repórteres.
Logo após terem tomado o controlo do edifício de quatro
andares, os manifestantes começaram a colocar à sua volta barreiras erguidas
com contentores de lixo e sacos com neve. O único polícia que um repórter da
BBC encontrou nas redondezas estava a fechar uma estação de metro. Informado do
que aconteceu suspirou, virou os olhos e disse: “Já nada nos surpreende”.
A saída dos manifestantes do interior do ministério
aconteceu depois de críticas vindas da própria oposição. "Este tipo de
acções pode levar à guerra", avisou o deputado do Svoboda, Iuri Sirotiuk,
citado pela Kyiv Post.
A ocupação foi levada a cabo pelo grupo "Causa
Comum", que tem promovido acções do mesmo género na capital ucraniana.
Depois da evacuação do ministério, o líder do grupo, Oleksandr Daniliuk, avisou
que, se as reivindicações da oposição - que passam pela marcação de eleições
presidenciais e parlamentares, a revogação das leis anti-protesto
e a libertação de
presos políticos - não forem cumpridas na sessão parlamentar de terça-feira, os
manifestantes vão "invadir todos os edifícios administrativos."
O cadáver de um homem de 55 anos foi encontrado durante a
manhã de segunda-feira, suspenso da estrutura da árvore de Natal que se
encontra na polícia informou que o corpo não tinha qualquer indício de
ferimentos exteriores e que está a ser examinado para se determinar a causa da morte
Oposição intensifica
pressão
A capital da Ucrânia é, desde há mais de dois meses,
palco de confrontos cada vez mais violentos entre manifestantes pró-europeus,
que contestam a aproximação à Rússia, e forças de segurança. Os protestos têm
vindo a alargar-se a uma dezena de cidades, onde manifestantes ocuparam
edifícios públicos, e chegaram
ao Leste, zona de influência
russa e forte apoio a Ianukovich.
O fim-de-semana foi de reviravoltas políticas. A oposição
intensificou a pressão, numa nova prova de força de consequências imprevisíveis,
ao dizer não à oferta de partilha do poder feita por Ianukovich, reclamando eleições presidenciais
antecipadas e anunciando a intenção de prosseguir a contestação.
Num comunicado conjunto, revelado nesta segunda-feira
pela rádio Free Europe, a oposição - constituída pelos
partidos Udar, Svoboda (Liberdade) e Batkivschina (Pátria) - afirmou estar
disposta a continuar as conversações com Ianukovitch, apesar de "uma
tentativa das autoridades para abandonar as negociações e declarar o estado de
emergência."
A União Europeia apelou esta segunda-feira à manutenção
do diálogo e pediu à oposição para que não se solidarize com os manifestantes
que recorrem à violência.
Na semana passada, o parlamento da república autónoma da
Crimeia, acérrimo apoiante do Presidente Viktor Ianukovich, apelou à instauração do estado de
emergência.
Sem comentários:
Enviar um comentário