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sábado, 14 de junho de 2014

Lavrov chamou irrelevantes às declarações do ministro das Relações Exteriores da Polónia à Rússia


14:01 2014/06/14 (Atualizado: 14:57 2014/06/14) 
Recentemente, o ministro das Relações Exteriores Radoslaw Sikorski fez uma declaração de que a Rússia é melhor ser um aliado do Ocidente do que um vassalo da China.
 MOSCOU, 14 de junho -. RIA Novosti 
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov chamou de irrelevantes as declarações do ministro das Relações Exteriores da Polónia Radoslaw Sikorski que para a Rússia era melhor ser um aliado do Ocidente do que um vassalo da China.

"É difícil de entender. Radoslaw Sikorski citando Zbigniew Brzezinski, disse que para a Rússia era melhor ser um aliado do Ocidente do que um vassalo da China. Analista Mas uma coisa, e muito da idade que não possua qualquer cargo público e pode sustentar as várias declarações irresponsáveis, e outra coisa quando o titular da pasta dos Negócios Estrangeiros de um grande país europeu que cita o analista, sublinhando que concordar com ele nestas inapropriadas declarações para qualquer político sério Sikorski também disse que a Rússia vai perder o confronto com a NATO, porque o equilíbrio de forças - um para 16. Quem é que vai lutar com a NATO e a NATO que está indo para a guerra com a Rússia, eu não sei "- disse Lavrov em entrevista ao "Postscript" .

Lavrov disse que pretende perguntar a Sikorsky o que lhe causou tais declarações ultrajantes, acrescentando que o ministro polaco "declarações exóticas famosas." "Talvez isso afeta o seu desejo de participar na corrida para algum posto europeu. Seu nome foi mencionado em conexão com as possíveis permutações da próxima Cimeira UE e da NATO. Não descarta que este desejo de usar essas declarações para chamar a atenção para sua própria pessoa. Pergunto, e vejo o que ele vai dizer, "- disse o chefe do Ministério das Relações Exteriores russo.

No cenário do conflito na Ucrâania o ministro das Relações Exteriores da Polónia tem falado, repetidamente, contra a Federação Russa. Ele falou contra a venda de a Moscovo do helicóptero francês "Mistral", que são construídos por ordem da Federação Russa. Ele acrescentou que o seu país deve estar presente no contingente ampliado de tropas de os EUA e da Europa.


Cannon: as declarações de Sikorski confrontando a Rússia, soa a uma ameaça
10:19 2014/09/06 (Atualizado: 2014/06/10  09:01) 
Recentemente, o ministro das Relações Exteriores da Polônia, disse que se a Rússia se junta ao confronto com o Ocidente, ele vai perder, porque a NATO é 16 vezes mais forte do que a Rússia.
MOSCOVO, 9 de junho -. RIA Novosti 
Afirmações do ministro das Relações Exteriores polaco Radoslaw Sikorski sobre a possível derrota da Rússia no confronto com a UE e os EUA pode ser visto como uma "ameaça à frente das negociações em St. Petersburg", escreveu na segunda-feira o chefe do Comité da Duma dos Assuntos Externos Alexei Pushkov na sua conta no Twitter .

No domingo, o ministro das Relações Exteriores polaco, em entrevista à "The Mirror da semana. Ucrânia" afirmou que "se a Federação Russa escolher o caminho da confrontação" com o Ocidente, ela vai perder, porque "o equilíbrio de forças da UE - RF é 8:1, e a NATO - Russian 16:01".

Na terça-feira se reunirá o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, com os homólogos alemães e polacos, Frank-Walter Steinmeier e Radoslaw Sikorski, em São Petersburgo. FMS plano trilateral para discutir os Tópicos dos problemas internacionais.

No cenário do conflito na Ucrânia o ministro das Relações Exteriores da Polónia tem falado, repetidamente, contra a Federação Russa.
Ele se opõe à venda a Moscovo do helicóptero francês "Mistral", que são construídos por ordem da Federação Russa.

Ele acrescentou que o seu país deve estar presente no contingente ampliado das tropas dos EUA e da Europa.

domingo, 1 de junho de 2014

Exército ucraniano sofre uma das maiores perdas em combates no Leste

ALEXANDRE MARTiNS 29/05/2014 - 12:44 (actualizado às 17:32)
 Rebeldes pró-russos abatem helicóptero ucraniano e fazem pelo menos 12 mortos. Rússia diz que Ucrânia está a "resvalar para a catástrofe nacional".

A primeira semana após a eleição do novo Presidente ucraniano tem sido uma das mais mortíferas desde o início das ocupações de edifícios governamentais por separatistas pró-russos no Leste do país.

Depois dos combates de segunda e terça-feira no aeroporto da cidade de Donetsk, que fizeram várias dezenas de mortos entre os insurgentes, esta quinta-feira foi um dos dias mais trágicos para as forças ucranianas, com a morte de pelo menos 12 soldados, entre os quais um dos mais experientes oficiais do Exército da Ucrânia.
O major-general Sergi Kulchitski, da Guarda Nacional da Ucrânia, foi uma das vítimas da queda de um helicóptero, abatido por separatistas pró-russos nas proximidades de Slaviansk, a cidade que serve de quartel-general aos insurgentes no Leste da Ucrânia. Este foi o terceiro helicóptero a ser abatido pelos separatistas desde o início do mês, todos na região de Slaviansk, na província de Donetsk.

A queda do aparelho foi testemunhada por um repórter da agência AFP e as imagens foram partilhadas no YouTube, mas os primeiros pormenores sobre o ataque foram avançados um pouco mais tarde pelo Presidente ucraniano em exercício, Oleksandr Turchinov (Petro Poroshenko, vencedor das eleições do passado domingo, só tomará posse em Junho).

Numa declaração proferida em Kiev, Turchinov disse que o ataque fez 14 mortos entre as forças ucranianas, mas a liderança da Guarda Nacional avançou mais tarde que morreram 12 soldados e que um outro sofreu ferimentos graves.

"Acabei de receber a informação directamente de Slaviansk de que os terroristas abateram um helicóptero com recurso a material antiaéreo russo", disse o Presidente ucraniano em exercício, para sublinhar a acusação de envolvimento de Moscovo no conflito no Leste do país - uma acusação que a Rússia sempre negou.

Seja qual for o balanço final, esta é uma das maiores perdas no lado ucraniano fiel a Kiev desde o início dos combates no Leste, nos primeiros dias de Abril. O dia mais sangrento para as forças ucranianas foi a quinta-feira da semana passada, quando morreram 16 militares em Volnovakha, na província de Donetsk, e um na província vizinha de Lugansk.

Moscovo também reagiu aos mais recentes confrontos, voltando a apelar ao "diálogo nacional com todas as forças políticas e representantes de todas as regiões". Em comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo disse que a Ucrânia corre o risco de "resvalar para a catástrofe nacional" se o Governo de Kiev não puser fim à operação militar no Leste do país contra os separatistas pró-russos.

Rebeldes prometem resistir

Pouco depois de ter sido eleito à primeira volta nas eleições presidenciais de domingo passado o multimilionário Petro Poroshenko prometeu pôr fim à onda de separatismo no Leste do país em "poucas horas".

Um dia depois, na segunda-feira, as forças ucranianas esmagaram uma tentativa das milícias pró-russas de assumirem o controlo do Aeroporto Serguei Prokofiev, em Donetsk. No final de dois dias de violentos combates morreram pelo menos 40 separatistas, segundo os números de Kiev, ou até uma centena, segundo os líderes da autoproclamada República Popular de Donetsk (RPD).

Já nesta quinta-feira, depois do ataque contra o helicóptero das forças ucranianas, os rebeldes pró-russos renovaram a sua determinação em continuar a combater.

"Não vamos sair daqui. Vamos ficar e defender as nossas posições", disse Denis Pushilin, o homem designado pelos separatistas como chefe de Estado da RPD. Mas Pushilin disse também que as milícias pró-russas não estão equipadas para fazer frente ao poderio do Exército ucraniano, e frisou que continua à espera de ajuda de Moscovo.

O Batalhão Vostok

Nos últimos dias tem sido muito comentada a suspeita da chegada a Donetsk do Batalhão Vostok um grupo de mercenários tchetchenos que lutou na guerra da Geórgia, em 2008, sob as ordens das chefias militares russas.
  
Nesta quinta-feira foram partilhadas fotografias e vídeos nas redes sociais que mostram vários homens armados a entrar em Donetsk, com uma finalidade ainda por esclarecer. Nas imagens vê-se um grupo de soldados a cercar a sede dos separatistas em Donetsk e vários jornalistas presentes na cidade deram conta de que o batalhão expulsou pró-russos do interior do edifício e ordenou a remoção das barricadas

As intenções não são claras - durante o dia especulou-se que estaria em curso uma cisão entre os separatistas, mas um dos homens identificado pelo correspondente do jornal The Guardian como o líder do Batalhão Vostok disse que se tratou de uma operação para evitar um risco de incêndio o mais provável, de acordo com os testemunhos de jornalistas no local, é que os soldados profissionais tenham entrado em Donetsk para instaurar a ordem entre as forças separatistas

Numa notícia publicada na terça-feira a jornalista do Financial Times Courtney Weaver disse ter falado com tchetchenos, que terão revelado o seu envolvimento nos combates de segunda e terça-feira no aeroporto de Donetsk. "Eles [os soldados ucranianos] mataram um dos nossos, e nós não vamos esquecer-nos disso. Vamos matar cem deles em troca da morte do nosso irmão", disse um dos combatentes, identificado pelo jornal como um tchetcheno de 30 anos de idade.

Já nesta quinta-feira, o líder separatista Denis Pushilin, citado pela agência Reuters, acabou por reconhecer também o envolvimento de "voluntários" russos nos combates, ao dizer que "[os corpos] dos voluntários da Rússia serão enviados hoje para a Rússia". Ao todo, segundo os próprios separatistas, morreram pelo menos 33 russos nos combates no aeroporto de Donetsk.




Obama vai reunir-se com Presidente eleito da Ucrânia

Poroshenko irá também à Normandia, tal como Putin
PÚBLICO 30/05/2014 - 21:21
 Encontro é na próxima quarta-feira em Varsóvia, durante visita do Presidente norte-americano à Polónia.

Barack Obama vai reunir-se com Presidente eleito da Ucrânia, Petro Poroshenko, na próxima quarta-feira, dia 4, em Varsóvia.

O encontro acontecerá durante a visita do Presidente norte-americano à Polónia, inserida numa deslocação à Europa que terá a crise ucraniana no centro das atenções - disse esta sexta-feira a jornalistas o vice-conselheiro nacional de segurança da Casa Branca, Ben Rhodes.

Petro Poroshenko foi eleito nas presidenciais de domingo passado. A sua posse está marcada para dia 7.

Para além da deslocação oficial à Polónia, Obama tem também visitas previstas à Bélgica e à França, onde participará, no dia 6, nas cerimónias que assinalam os 70 anos do Dia D, o desembarque aliado na Normandia, na II Guerra Mundial

A Rússia confirmou entretanto que, como previsto, o seu Presidente, Vladimir Putin, estará também nas cerimónias do Dia D.

Será a primeira vez desde o agravamento da crise ucraniana que Putin - acusado pelos países ocidentais de fomentar a desestabilização da Ucrânia - estará pessoalmente com dirigentes como Obama ou a chanceler alemã, Angela Merkel.


Na véspera, o Presidente russo encontra-se em Paris com o seu homólogo francês, François Hollande.

Tropas russas estão a recuar, mas EUA denunciam chegada de tchetchenos à Ucrânia

Um elemento do Batalhão Vostok em Donetsk
ALEXANDRE MARTINS e JOÃO MANUEL ROCHA 30/05/2014 - 08:33 (actualizado às 18:41)
Governo de Kiev declarou que os seus soldados “limparam completamente” uma parte do Leste e que ofensiva vai prosseguir. Putin disse que Ucrânia deve acabar com a “Violência e derramamento de sangue”.

As tropas russas estão a retirar da fronteira com a Ucrânia. Desta vez não é apenas o Governo de Moscovo a dizê-lo, são os EUA a confirmá-lo e a NATO a quantificar a saída de “talvez cerca de dois terços” dos soldados que têm permanecido na zona. Mas Washington manifestou preocupação com o facto de "militares da Tchetchénia treinados na Rússia" estarem a entrar no Leste do país, para combaterem ao lado dos separatistas.

O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, tinha confirmado a retirada russa quinta-feira à noite numa entrevista ao canal público PBS. O secretário-geral da aliança atlântica, Anders Fogh Rasmussen, quantificou-a esta sexta-feira à Reuters. “Temos sinais pelo menos de uma retirada parcial”, disse. O número de soldados russos junto à fronteira estava calculado em 40 mil.

Na mesma entrevista, o chefe da diplomacia dos EUA disse ter "provas de que há russos a passar a fronteira militares da Tchetchénia treinados na Rússia, que passam para o outro lado para agitar a situação, para se envolverem no conflito”.

O responsável norte-americano referia-se à admissão dos próprios separatistas de que os confrontos no aeroporto de Donetsk na segunda e na terça-feira, contaram com a participação de "voluntários" russos. Na quinta-feira, elementos do Batalhão de Vostok, formado na Tchetchénia e que combateu na guerra da Geórgia sob o comando militar russo, ocuparam a sede dos separatistas em Donetsk numa operação para estabelecer a ordem entre os combatentes, alguns deles acusados de pilhagens.

A presença de combatentes russos - e de outras nacionalidades - é um facto já confirmado no terreno, mas Moscovo mantém que não deu quaisquer ordens para tal, e que se há russos a combater no Leste, eles estão lá por iniciativa própria.

O facto de um helicóptero MI-8 das forças ucranianas, abatido na quinta-feira, ter sido atingido por um lança-mísseis portátil de fabrico russo, de acordo com as informações do Presidente em exercício, Oleksandr Turchinov, levou também a Casa Branca a exprimir a sua "inquietação", frisando que essa informação mostra que os separatistas têm "material sofisticado".

Apesar das críticas a Moscovo, Kerry disse ter "esperanças" de que a situação se normalize nos próximos tempos. "Falei ontem [quarta-feira] com o ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia [Sergei Lavrov]. Eles manifestaram a esperança de que possa haver uma forma de dar um passo em frente. É claro que nesta situação não bastam palavras; é preciso agir", disse o responsável norte-americano. O governante apelou ainda à Rússia para que "construa um caminho em que os ucranianos sejam uma ponte entre o Ocidente e o Leste".

Os chefes da diplomacia dos dois países voltaram esta sexta-feira a falar ao telefone. Segundo o ministério russo dos Negócios Estrangeiros, Lavrov “apelou aos EUA para encorajarem as autoridades de Kiev a [...] cessarem imediatamente as operações militares e a começarem negociações directas com as regiões do sudeste”, indica um comunicado citado pela Reuters.

“Limpeza” de uma parte do Leste

O ministro ucraniano da Defesa, Mikhailo Koval, insistiu na acusação de que a Rússia está a realizar “operações especiais” no país e anunciou que a ofensiva vai prosseguir. Declarou também que as tropas de Kiev “limparam completamente” uma parte do Leste de rebeldes pró-russos.

Na quinta-feira à noite, o Presidente eleito da Ucrânia, Petro Poroshenko, prometeu "punir os terroristas e bandidos" que abateram o helicóptero, o terceiro desde o início do mês, matando 12 militares, entre os quais um general do Exército.

"Devemos fazer tudo para garantir que outros ucranianos não morram às mãos dos terroristas e dos bandidos", disse Poroshenko, referindo- se às milícias separatistas da região Leste do país. Na mesma comunicação ao país, citada pelos jornais ucranianos, afirmou que "os criminosos" que abateram o helicóptero das forças ucranianas foram "destruídos".

Numa conversa telefónica que manteve esta sexta-feira com o seu homólogo francês, o Presidente russo, Vladimir Putin, falou da necessidade de as autoridades de Kiev acabarem com a “violência e derramamento de sangue” e avançarem para negociações com os rebeldes do Leste.

Outro dos motivos de preocupação no Leste da Ucrânia é o desaparecimento de observadores da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE). Esta sexta-feira, a organização disse ter perdido contacto com uma equipa detida quinta-feira à noite em Severodonetsk, na região de Lugansk. Outro grupo de quatro observadores está desaparecido desde segunda-feira na região de Donetsk.

O designado primeiro-ministro da autoproclamada República Popular de Donetsk, Alexandr Borodai, disse que não tinha qualquer informação sobre os observadores cujo paradeiro é desconhecido há mais tempo. "Não sabemos onde eles estão, e estamos a procurá-los. É possível que se trate de uma provocação para nos acusar falsamente de os termos detido", disse Borodai, citado pela agência AFP.

Horas depois, outro líder separatista, Viacheslav Ponomarev, que se apresenta como presidente da Câmara de Slaviansk, admitiu que foram detidos pelos rebeldes pró-russos, e que seriam libertados "em breve".

No final de Abril um grupo de sete observadores esteve alguns dias detido em Slaviansk. Já esta semana, durante algumas horas, outros li estiveram na mesma situação.


Apesar das acusações à Rússia, de interferência militar, a Ucrânia mantém com Moscovo negociações, que deverão prosseguir na próxima semana, sobre o fornecimento de gás russo.

O que pretende a Alemanha?

OPINIÃO
JOSÉ LOUREIRO DOS SANTOS 29/05/2014 - 00:33
 Será que as políticas de defesa de Berlim poderão também pôr em causa a coesão da NATO, portanto a segurança e a integridade territorial dos seus Estados-membros na Europa?

Em declarações à Der Spiegel, Schäuble, ministro das Finanças alemão, mostrou-se contrário a qualquer aumento dos recursos de defesa por causa da crise na Ucrânia, pois seria uma “medida pouco inteligente” e “susceptível de criar mal-entendidos com a Rússia”. O que foi visto como resposta negativa ao apelo do secretário-geral da NATO para os parceiros da Aliança Atlântica aumentarem os respectivos orçamentos militares para 2% do PIB, como se encontra, aliás, acordado.

Esta declaração parece surpreendente à luz dos recentes acontecimentos protagonizados pela Rússia, já que a crise da Ucrânia rompeu com o quadro de uma defesa ocidental baseada na aproximação a Moscovo e concretizada no Conselho NATO-Rússia - já denunciado na sequência da anexação da Crimeia -, o que constitui o melhor indicador dos equívocos em que a NATO viveu nos últimos anos.

A atitude russa tem sido genericamente percepcionada como a concretização da vontade de restaurar as relevantes vantagens geopolíticas perdidas com a implosão da União Soviética, entre as quais o controlo das posições estratégicas da península da Crimeia e do corredor ucraniano - uma das duas principais ligações da planície europeia às regiões de Moscovo e mar Negro e vice-versa. E mostra a sua disposição para usar a força militar com esta finalidade, como já fizera na Geórgia, o que lhe servira de ensaio para poder aperfeiçoar o seu sistema militar, aperfeiçoamentos já visíveis, como straram os dispositivos, as forças e as tácticas aplicadas tanto na captura da Crimeia como na pressão exercida na Região Leste da Ucrânia.

Neste contexto é difícil compreender que a Alemanha não responda positivamente ao apelo do secretário-geral da Aliança Atlântica no sentido de reforçar os dispositivos defensivos dos países-membros europeus, e assumindo a sua liderança, quando as atitudes russas tornam indispensável o regresso à missão de defesa colectiva para enfrentar a ameaça reforçada que elas representam.

Analisando as afirmações de Scháuble tendo em conta, por um lado, a realidade no terreno em termos das relações germano-russas, por outro, o seu comportamento recente em relação aos acontecimentos na Ucrânia, e, finalmente, os sentimentos ambivalentes com que certas elites alemãs olham a Rússia, tais declarações não nos surpreendem tanto como exigiria a sua lógica aparente.

É conhecida a existência de um forte entrelaçamento económico da Alemanha com a Rússia, nomeadamente no âmbito da energia, do que resultam dependências mútuas que a Alemanha parece não estar preocupada em reduzir, tendo em vista o facto de vir recusando o estabelecimento de uma estratégia energética comum europeia que outros parceiros desejam. E têm sido bem pífias as sanções económicas impostas pelos países europeus ocidentais à Rússia como resposta às suas reiteradas infracções à lei internacional na Ucrânia. Assim como são surpreendentes as relações Alemanha-Rússia, apresentadas em síntese na revista The Economist de 10 de Maio último, num artigo sobre este tão curioso tema, cujo subtítulo é precisamente “Ambivalência alemã em relação à Rússia reflecte uma identidade em conflito”.

As linhas gerais do artigo destacam a existência de uma certa russofilia em parte significativa da intelligentsia alemã, da qual os dois líderes sociais-democratas Helmut Schmidt e Schröder são exemplo: o primeiro considerou a anexação da Crimeia se não legítima, pelo menos compreensível; e o segundo, que preside à empresa gestora do North Stream (gasoduto que liga directamente a Rússia e a Alemanha), fez com que Putin se tivesse deslocado a S. Petersburgo de propósito, para abraçar o grande amigo no seu septuagésimo aniversário. Trata-se de líderes de esquerda que, segundo o artigo, seguem a tradição aberta por Willy Brandt com a aproximação ao Leste durante a guerra fria, a famosa Ostpolitik. Numa situação bem diferente da actual, convém lembrar.

A The Economist acrescenta que essa russofília engloba o partido recentemente constituído Alternativa para a Alemanha, que advoga a saída do país do euro, e Steinmeier, actual líder social-democrata e ministro dos Negócios Estrangeiros alemão que já terá declarado a Rússia com poucas culpas do que ocorre na Ucrânia, pois se teria limitado a responder ao acordo que a UE se dispunha a fazer com esse país... Segundo a prestigiada revista, um historiador alemão explica o sentimento de russofília como uma “mistura de sentimentalismo, nostalgia, cobardia e kitsch”, e outro considera-o como “inscrevendo-se numa longa e desagradável tradição de cooperação russo-germânica de que é exemplo o Pacto Molotov-Ribentrop de 1939”. Recorde-se que este pacto dividia a Polónia entre os dois países e dava-lhes mãos livres para agirem contra outros Estados vizinhos sem que o parceiro interferisse, o que explica as preocupações desses mesmos Estados actualmente tanto com a Rússia como com a Alemanha. E cita uma autora russa vivendo na Alemanha a referir-se a uma subtil campanha de propaganda de Putin para separar a Alemanha do Ocidente.

De tudo isto se poderá concluir que, afinal, as declarações de Scháuble não são de espantar, ao considerar o orçamento da Defesa como “uma variável de ajustamento” e não “como prioritário”, utilizando os termos que o diário francês Le Figaro emprega num dos seus recentes títulos. Ou seja, para a Alemanha não haverá qualquer problema com a assertividade bélica russa nem com a sua determinação em empregar a força militar para alterar fronteiras à revelia da lei internacional. Portanto, em vez de a NATO se dever preparar para garantir a defesa colectiva dos seus membros europeus, implantando sistemas militares capazes de dissuadir iniciativas de Moscovo idênticas às que vem efectuando na Ucrânia e a combatê-las se necessário, pode continuar como há cerca de 20 anos faz, definindo e implantando sistemas de forças em função da sustentabilidade financeira e não das ameaças previsíveis.

As políticas de austeridade orientadas pela Alemanha conduziram a União Europeia aos panoramas políticos nacionais revelados pelas eleições para o Parlamento Europeu caracterizados por alguns fortes partidos nacionalistas que, recusando o aprofundamento da integração e desejando fazer reverter a que já existe, indiciam uma forte ameaça à coesão da União.

Será que as políticas de defesa de Berlim poderão também pôr em causa a coesão da NATO, portanto a segurança e a integridade territorial dos seus Estados-membros na Europa?

Ou estará Berlim mais apostada em assegurar um poderoso eixo germano-russo, convencida de que nele imporá os seus termos, em vez de um bloco ocidental atlântico constituído pelos EUA, Canadá, e países da Europa Ocidental por si liderados, face a uma Rússia que ambiciona reposicionar-se nos termos geopolíticos vantajosos que perdeu no fim da guerra fria?

Ou pretenderá antecipar-se a uma eventual aliança russo-chinesa, aparentemente já em formação? Para, de uma forma hábil, impedir a sua concretização? Ou reforçar o seu enorme potencial em comparação com o dos Estados Unidos?

Eis a incerteza que urge esclarecer. O que é particularmente importante a países, como Portugal, para os quais a NATO constitui a aliança estrutural de segurança e, portanto, com maior necessidade de estudar e adoptar as políticas de aproximação aos futuros que considerem do seu interesse prosseguir.


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