Luanda Leaks:
Documentos apontam para desfalque na Sonangol em Londres
Henrique Machado - TVI24 - 23 de janeiro de 2020
Manuel Vicente, antigo homem forte da Sonangol, antigo-vice-presidente de Angola, é também ele um bilionário do regime. Terá sido dele, segundo fontes próximas de Isabel dos Santos, a mão por detrás do escândalo dos Luanda Leaks que se abateu sobre a engenheira. O motivo, para aquela que é considerada a princesa de Angola, agora caída em desgraça, é uma vingança, em conluio com o atual Governo, face aos esqueletos que Isabel descobriu nos armários do escritório da Sonangol em Londres e que reportam aos anos de gestão de Manuel Vicente.
Na capital inglesa, onde verdadeiramente se decide para onde se devem dirigir os navios de petróleo, Isabel dos Santos, que em 2016 assumiu o comando da petrolífera estatal, terá encontrado um escritório-fachada, com escassos funcionários e atividade quase nula. A sua equipa investigou e a resposta chegou do extremo-oriente. À revelia do Estado angolano, dono da petrolífera que sustenta o país, existia desde 2010 outra Sonangol – a Sonangol SA Limited, com sede numa torre de Hong Kong.
Esta falsa Sonangol, que em 2011 passou a chamar-se Mantra Group Administration Limited, é controlada pela sociedade GWCM Managers Limited, com sede na Suíça. Seriam escoados por ali parte dos milionários lucros da venda de petróleo angolano – e tudo durante a gestão de Manuel Vicente, que saiu da Sonangol em 2012.
Isabel dos Santos exonerou do cargo a diretora da Sonangol em Londres, Sandra Júlio, a 8 de novembro de 2017. E, coincidência ou não, acabou ela própria destituída pelo Governo, uma semana depois, do cargo de presidente da petrolífera. Quanto a Sandra Júlio, acabou por ser reintegrada.
Esta, para a defesa de Isabel dos Santos, é a verdade dos factos e o motivo pelo qual Manuel Vicente e o Governo a tramaram. Estes, segundo fontes próximas da filha do ex-presidente José Eduardo dos Santos, com a ajuda do “lóbi do Estoril”.
Senão, vejamos: a 18 de junho de 2019, o Governo de Angola contrata uma sociedade nos Estados Unidos, a Squire Patton Boggs, para serviços de consultadoria. E esta decidiu subcontratar, para os serviços de lóbi pouco definidos, a sociedade ERME Capital, criada seis meses antes, com sede em Malta. O total do contrato com duração de um ano pago pelo Governo de Angola são quatro milhões de dólares – dinheiro que Isabel dos Santos acredita ter servido para financiar a atual campanha de informação que a fez cair por terra.
Até porque o rasto deste contrato a leva de novo a Manuel Vicente. A ERME Capital, em Malta, é dirigida por um casal de jovens portugueses – Pedro Pinto Ferreira e Maria Mergner. Vivem no condomínio de luxo Estoril Sol Residence, onde são vizinhos de Manuel Vicente. De resto, o pai de Pedro, Carlos Pinto Ferreira, é conhecido por ser o “irmão branco” do antigo vice-presidente de Angola. Carlos, também com residência no Estoril, tem negócios em Angola desde 1999. É, a par do filho Pedro, dono da Domínio Capital Holdings – com presença em Portugal, Angola, Moçambique e Malta.
Pelo site da empresa percebe-se que a consultora abre portas em vários países nas áreas do petróleo, gás e mercados imobiliário e financeiro. De resto, a Domínio Capital tem uma empresa chamada Quill Trading, que através da WM-DC ganhou, a 9 de dezembro de 2019, os direitos de exploração de 22% de um bloco de petróleo chamado Cabinda Norte.
A concessão foi dada através de um decreto do Governo a que a TVI teve acesso. Entretanto, a ligação formal entre Manuel Vicente e o “irmão branco” faz-se desde 2001 – através de uma sociedade em Gibraltar chamada Founton Limited. Na mesma, figuram acionistas como a Domínio, de Carlos Pinto Ferreira, a Sonangol e a construtora Soares da Costa. Nesta sociedade offshore, de que a petrolífera angolana detém apenas 1%, Carlos era o presidente e Manuel Vicente era o vice-presidente.
Tirando isso, a Domínio Capital surge em parcerias com Mirco de Jesus Martins, enteado de Manuel Vicente. Todas estas ligações a que a TVI teve acesso não deixaram dúvidas a Isabel dos Santos sobre quem a tramou, apontando ao “lóbi do Estoril”, como o apelida em privado. Também não lhe deixam dúvidas de que se cair de vez, não cai sozinha.
De resto, o consórcio internacional de jornalistas também vai levantando a ponta do véu: Manuel Vicente é o senhor que se segue.
Na capital inglesa, onde verdadeiramente se decide para onde se devem dirigir os navios de petróleo, Isabel dos Santos, que em 2016 assumiu o comando da petrolífera estatal, terá encontrado um escritório-fachada, com escassos funcionários e atividade quase nula. A sua equipa investigou e a resposta chegou do extremo-oriente. À revelia do Estado angolano, dono da petrolífera que sustenta o país, existia desde 2010 outra Sonangol – a Sonangol SA Limited, com sede numa torre de Hong Kong.
Esta falsa Sonangol, que em 2011 passou a chamar-se Mantra Group Administration Limited, é controlada pela sociedade GWCM Managers Limited, com sede na Suíça. Seriam escoados por ali parte dos milionários lucros da venda de petróleo angolano – e tudo durante a gestão de Manuel Vicente, que saiu da Sonangol em 2012.
Isabel dos Santos exonerou do cargo a diretora da Sonangol em Londres, Sandra Júlio, a 8 de novembro de 2017. E, coincidência ou não, acabou ela própria destituída pelo Governo, uma semana depois, do cargo de presidente da petrolífera. Quanto a Sandra Júlio, acabou por ser reintegrada.
Esta, para a defesa de Isabel dos Santos, é a verdade dos factos e o motivo pelo qual Manuel Vicente e o Governo a tramaram. Estes, segundo fontes próximas da filha do ex-presidente José Eduardo dos Santos, com a ajuda do “lóbi do Estoril”.
Senão, vejamos: a 18 de junho de 2019, o Governo de Angola contrata uma sociedade nos Estados Unidos, a Squire Patton Boggs, para serviços de consultadoria. E esta decidiu subcontratar, para os serviços de lóbi pouco definidos, a sociedade ERME Capital, criada seis meses antes, com sede em Malta. O total do contrato com duração de um ano pago pelo Governo de Angola são quatro milhões de dólares – dinheiro que Isabel dos Santos acredita ter servido para financiar a atual campanha de informação que a fez cair por terra.
Até porque o rasto deste contrato a leva de novo a Manuel Vicente. A ERME Capital, em Malta, é dirigida por um casal de jovens portugueses – Pedro Pinto Ferreira e Maria Mergner. Vivem no condomínio de luxo Estoril Sol Residence, onde são vizinhos de Manuel Vicente. De resto, o pai de Pedro, Carlos Pinto Ferreira, é conhecido por ser o “irmão branco” do antigo vice-presidente de Angola. Carlos, também com residência no Estoril, tem negócios em Angola desde 1999. É, a par do filho Pedro, dono da Domínio Capital Holdings – com presença em Portugal, Angola, Moçambique e Malta.
Pelo site da empresa percebe-se que a consultora abre portas em vários países nas áreas do petróleo, gás e mercados imobiliário e financeiro. De resto, a Domínio Capital tem uma empresa chamada Quill Trading, que através da WM-DC ganhou, a 9 de dezembro de 2019, os direitos de exploração de 22% de um bloco de petróleo chamado Cabinda Norte.
A concessão foi dada através de um decreto do Governo a que a TVI teve acesso. Entretanto, a ligação formal entre Manuel Vicente e o “irmão branco” faz-se desde 2001 – através de uma sociedade em Gibraltar chamada Founton Limited. Na mesma, figuram acionistas como a Domínio, de Carlos Pinto Ferreira, a Sonangol e a construtora Soares da Costa. Nesta sociedade offshore, de que a petrolífera angolana detém apenas 1%, Carlos era o presidente e Manuel Vicente era o vice-presidente.
Tirando isso, a Domínio Capital surge em parcerias com Mirco de Jesus Martins, enteado de Manuel Vicente. Todas estas ligações a que a TVI teve acesso não deixaram dúvidas a Isabel dos Santos sobre quem a tramou, apontando ao “lóbi do Estoril”, como o apelida em privado. Também não lhe deixam dúvidas de que se cair de vez, não cai sozinha.
De resto, o consórcio internacional de jornalistas também vai levantando a ponta do véu: Manuel Vicente é o senhor que se segue.